Título: DNA fez remessa de dinheiro para o exterior
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 07/07/2005, O País, p. 9

CPI dos Correios vai investigar supostas operações ilegais que já foram apuradas pela CPI do Banestado BRASÍLIA.A CPI dos Correios vai investigar operações de remessas de recursos para o exterior feitas pelo publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão. De acordo com documentos obtidos pela CPI do Banestado, a DNA Propaganda fez cerca de 50 operações para enviar aproximadamente US$750 mil ao exterior. A operação envolveu doleiros que movimentavam a conta CC5 ¿ de não residentes no país ¿ da Beacon Hill Service Corporation, uma empresa offshore que funcionava nos Estados Unidos. O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), informou que o assunto vai ser investigado com base nas informações trazidas para a comissão pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Ontem, durante o depoimento de Valério, o tucano lhe perguntou sobre as transferências. A empresa seria uma das beneficiárias de contas abertas na agência do Banestado, em Nova York. A operação funcionaria assim: para evitar os controles do Banco Central, a empresa ou pessoa interessada em fazer um pagamento ou transferência no exterior pagava a um doleiro no Brasil, que providenciava a transferência do dinheiro de uma das contas da Beacon Hill no exterior. Em depoimento à Polícia Federal, em outubro de 2003, Valério negou ter usado doleiros ou casas de câmbio para fazer operações no exterior. Segundo o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), a DNA, por intermédio dos doleiros Haroldo Bicalho e Silva e Paulo Roberto Grapiúna Lima, presos pela Polícia Federal na Operação Farol da Colina, teria feito transferências nos EUA pela conta da empresa off shore. Valério admite que transfere dinheiro para o exterior

A apuração aponta a existência de uma subconta da Beacon Hill, em Nova York, em nome da empresa Lonton. Os integrantes da CPI querem saber se as empresas de Valério têm vínculo com a conta da Lonton. ¿ Há indícios de evasão de divisas, um crime contra o sistema financeiro ¿ disse Álvaro Dias. Ele e o Fruet fizeram requerimentos para que a CPI obtenha informações com a PF e o MP Federal sobre as operações. No depoimento à PF, Valério disse que normalmente faz transferências para o exterior para o pagamento de mídia internacional, na maior parte da vezes em Nova York, onde estão sediadas a maior parte das revistas americanas. Ontem, na CPI, Valério disse que os pagamentos para fornecedores fora do país variam em média entre U$7 mil e U$10 mil. Algumas das remessas feitas pela DNA, entretanto, ultrapassariam estes valores. Valério negou ainda fazer operações como pessoa física.