Título: EMPREGO MOVIDO A EDUCAÇÃO
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 07/07/2005, Economia, p. 25

Entre as 30 melhores cidade do país para trabalhar 5 estão no Rio, valorizado pelo ensino AFundação Getúlio Vargas (FGV) divulga hoje seu mais novo ranking das cem melhores cidades para se trabalhar no Brasil. Destas, cinco entre as 30 primeiras colocadas estão no Estado do Rio. Impulsionadas pela qualidade da educação e os royalties do petróleo, Rio, Macaé, Campos, Cabo Frio e Niterói são, nesta ordem, os municípios fluminenses onde os trabalhadores encontram as melhores oportunidades de formação e aperfeiçoamento profissional e onde a circulação de riquezas indica que estão concentradas as melhores ofertas de salários, bens e serviços. O Estado do Rio tem dez entre as cem cidades brasileiras com melhores condições de trabalho, num levantamento liderado por São Paulo capital, que segue firme no topo, seguida pelo município do Rio, que estava no terceiro lugar em 2004. Belo Horizonte ocupa agora esta posição, seguida por Recife e Brasília. Na lanterna da lista ¿ mas em situação privilegiada diante dos mais de cinco mil municípios do Brasil ¿ está Ilhéus, na Bahia. Nesta quarta edição do ranking, houve mudança na metodologia da pesquisa, que passou a incluir dados que medem a circulação de riqueza, como o Produto Interno Bruto (PIB) per capita municipal, calculado pelo IBGE, e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Eles formam, com indicadores de educação e saúde, os parâmetros analisados. Foi o item educação ¿ diretamente ligado à carreira e ao desenvolvimento profissional e, por isso, com o maior peso na composição do índice que deu origem ao ranking ¿ que garantiu os primeiros lugares para São Paulo e Rio. ¿ Essas duas cidades estão na frente porque oferecem uma infinidade de cursos, sobretudo, de ensino superior ¿ disse o autor da pesquisa e professor de Administração da FGV, Moisés Balassiano. Resende, Niterói e Macaé estão na lista O farmacêutico Gustavo Furletti trocou São Paulo pelo Rio há mais de um ano. Um convite da indústria Glaxo o trouxe para o Rio, junto com a mulher Samantha Adamo, fonoaudióloga, que já conseguiu montar consultório e retomar seu trabalho: ¿ Moro a 15 minutos do trabalho e isso é um ganho enorme sobre São Paulo. Estou aprendendo a gostar do Rio, a pôr o pé na areia. Pretendo fazer pós-graduação em finanças e sei que aqui é um ótimo lugar. No quesito educação, foram considerados números de cursos de graduação, mestrado, doutorado e alunos que estão concluindo curso superior em cada município. Já quando o assunto é saúde ¿ calculado com base no total de trabalhadores do setor e leitos oferecidos pelas unidades hospitalares ¿ o Rio aparece no 21º lugar entre as 27 capitais brasileiras. Já com a introdução do PIB municipal e do FPM, Macaé, considerada a capital do petróleo, caiu da segunda posição no ranking em 2004 para nona neste ano. Em contrapartida, outras cidades do Rio, como Resende, Duque de Caxias e Cabo Frio, passaram a fazer parte das cidades mais atrativas do país. O novo guia reforça a idéia de que as capitais do Sudeste vêm perdendo força para cidades do interior. O mesmo movimento ocorre nas regiões Sul e Centro-Oeste, devido ao crescimento do agronegócio. A cidade de Dourado (MS), por exemplo, passou a fazer parte do ranking este ano, devido à soja. No Centro-Oeste, Brasília ¿ o centro do poder ¿ continua oferecendo boas oportunidades de trabalho. A cidade subiu da 11ª colocação no ano passado para a 5ª do ranking. Além dos empregos públicos, existem várias opções de curso superior. Atraído pelos concursos públicos, o advogado Assis Macário deixou a Paraíba há sete anos para morar em Brasília. Hoje, é funcionário do Supremo Tribunal Federal (STF) e sócio de uma empresa de consultoria na área de previdência e saúde. ¿ Aqui é uma cidade que abre oportunidades. Na área de Direito, por exemplo, há um leque de opções ¿ disse, acrescentando que ganha quatro vezes mais aqui do que ganharia no Nordeste. O economista Márcio Pochmann, da Unicamp, concorda que as capitais que lideram o ranking são pólos onde há maior oferta de trabalho, mas afirma que as variáveis usadas pela FGV são insuficientes para caracterizar a qualidade das ocupações nesses mercados. Para Pochmann, seria necessário ponderar outras variáveis. Ele lembra que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do IBGE, São Paulo e Rio são os centros em que as pessoas mais gastam tempo na locomoção para o trabalho, o que comprometeria a produtividade e reduziria a qualidade do trabalho. ¿ Não levando em conta variáveis como essas pode-se chegar a conclusões não muito precisas, que não espelham a realidade do trabalho. COLABORARAM Cássia Almeida e Ronaldo D'Ercole