Título: JUIZ DETERMINA ABERTURA DE PROCESSO CRIMINAL CONTRA DONO DO BANCO SANTOS
Autor: Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 07/07/2005, Economia, p. 28

Além de Edemar Cid Ferreira, inquérito inclui outros 18 ex-diretores

SÃO PAULO. O juiz Fausto Martins de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, determinou a abertura de processo criminal contra o ex-dono do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, e mais 18 ex-diretores da instituição, que está sob intervenção do Banco Central desde novembro.

Entre os executivos processados está um dos filhos do banqueiro, Rodrigo Cid Ferreira, que segundo os autos tinha cargo e atuava no desvio de recursos do banco para o exterior. Seu sobrinho, Ricardo Ferreira de Souza e Silva, também terá de responder por sua atuação à frente de empresas não-financeiras que recebiam recursos desviados do banco.

A Justiça Federal acolheu denúncia apresentada pelo procurador Sílvio Luiz Martins de Oliveira, do Ministério Público Federal, que acompanha o caso. Diante dos fortes indícios de desvios verificados pelo Banco Central na época da intervenção no Santos, Oliveira solicitou aos interventores que o informassem de todos os delitos encontrados. A Polícia Federal, que já indiciou Edemar e seus executivos, só iniciou seu inquérito em março deste ano.

Em sua denúncia, o Ministério Público conclui que toda a estrutura de gestão do Santos servia para desviar dinheiro do banco para a compra de imóveis e obras de arte. Todos os acusados responderão por delitos como formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.

Edemar e Mário Martinelli, ex-superintendente do Banco Santos, responderão ainda pela manutenção de contas ilegais (não declaradas à Receita) no exterior.

A Justiça determinou ainda que todos as obras de arte e objetos de decoração da casa e dos depósitos mantidos pelo ex-banqueiro, além do acervo que ficava nas dependências do banco, continuem apreendidas. Além disso, todos os seus bens móveis e imóveis continuam indisponíveis.

O juiz Sanctis determinou o arquivamento do inquérito que envolvia o último diretor-superintendente, Ricardo Gribel, e os executivos Daniel Santos e Abner Parada Júnior. Reconhecidos no mercado pelo profissionalismo, os três ingressaram no Santos pouco antes da intervenção, numa tentativa de dar credibilidade à instituição.