Título: IDÉIA DE DELFIM NETTO É BEM RECEBIDA
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 07/07/2005, Economia, p. 29

Mas empresários e políticos alertam para obstáculos políticos do déficit zero BRASÍLIA. A proposta do deputado Delfim Netto (PP-SP) de que o Brasil estabeleça uma política fiscal para chegar nos próximos anos ao déficit nominal zero ganhou a simpatia de empresários e parlamentares que participaram, na terça-feira, de um jantar organizado por Delfim e a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) para debater o assunto. Todos também demonstraram preocupação com a viabilidade da idéia diante do momento político. Uma maior desvinculação das receitas da União é apontada como principal obstáculo à popularidade da proposta. ¿ Todos entenderam que a proposta é importante, mas que condições poderiam ser criadas para viabilizar uma proposta dessas? ¿ disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE). Participaram do jantar, pelo governo, os ministros da Fazenda, Antonio Palocci; do Planejamento, Paulo Bernardo; da Casa Civil, Dilma Rousseff; e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner. Chegar ao déficit nominal zero significa que o governo precisaria ter receitas para pagar todas as suas despesas, incluindo gastos com juros da dívida pública. Mas como não há mais espaço no país para aumentar a carga tributária e obter mais receitas, a proposta de Delfim prevê que o governo reduza despesas. Outra idéia seria aumentar o limite de desvinculação de receitas da União para que o governo tenha maior controle sobre como gastar seus recursos ¿ ou para cortá-los. Wagner: momento de crise é oportunidade de salto O problema, segundo Monteiro, é que existe um receio de que isso leve o governo a fazer cortes na área social. Para o deputado Pauderney Avelino, a desvinculação de receitas é o ponto mais sensível da discussão. Já o presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Antonio Ernesto de Salvo, disse que a atual situação política, apesar de impor dificuldades de aprovação, foi responsável pela preocupação dos participantes do encontro em buscar soluções para melhorar o país. ¿ O jantar teve um clima de ¿vamos rever o Brasil¿ ¿ disse De Salvo. O ministro Jaques Wagner, por sua vez, afirmou: ¿ Os chineses dizem que os momentos de crise oferecem grande possibilidade de salto. A crise política tem sua dimensão. Mas o que está se falando aqui é de agenda positiva que pode ser discutida na sociedade. Animado, o ministro Paulo Bernardo disse que o próximo passo é a realização de um seminário do Ipea para tratar do assunto, que também será debatido com as centrais sindicais: ¿ A proposta não pode ter mais que cinco ou seis pontos. Entre eles, a questão de estabelecer limite para o crescimento dos gastos públicos, a questão de pessoal e também da vinculação de despesas. Fora do jantar, há quem descarte a proposta de Delfim. O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, disse que o país não gasta demais: ¿ No concreto, o Brasil subgasta nas funções essenciais. No jantar, haddock defumado e cogumelos

No jantar de ontem, os convidados tiveram ceviche de camarão de entrada. A exceção foi o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que é alérgico. O primeiro prato foi um petit gateau de haddock defumado com molho de prosecco. O prato principal foi medalhão de filé ao molho de cogumelos frescos com flan de batata baroa e tomate recheado com arroz selvagem e alecrim. A sobremesa foi um tiramissú italiano.