Título: UMA PROFISSIONAL POLÊMICA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 07/07/2005, O Mundo, p. 31

Iraque valeu críticas a Judith

NOVA YORK. Jornalista combativa e polêmica, Judith Miller trabalha no ¿New York Times¿ desde 1977 e esteve no centro da controvertida cobertura sobre as supostas armas de destruição em massa do Iraque. No período após os ataques de 11 de setembro de 2001, assinou várias reportagens sobre a al-Qaeda e o uso de antraz como arma biológica. Ela mesma recebeu uma carta suspeita com pó branco.

Naquele ano, ela fez uma reportagem sobre tubos metálicos que o Iraque teria comprado para seu programa nuclear ¿ um dos argumentos que os EUA usariam para a guerra. Especialistas, porém, concluíram que não seria possível usar o material para esse fim. Em outras reportagens, ela citava exilados afirmando a existência de um programa nuclear iraquiano.

Após a invasão americana, quando nenhuma arma foi encontrada, o ¿Times¿ publicou um editorial admitindo que muitas reportagens basearam-se em informações de Ahmed Chalabi ¿ empresário iraquiano que depois cairia em desgraça com os EUA ¿ e outros exilados interessados em derrubar Saddam Hussein. O jornal não citou os autores, mas boa parte das reportagens era assinada por Judith Miller.

Nascida em 1948, Judith começou a carreira em Washington e foi a primeira mulher a chefiar o escritório do jornal no Cairo, em 1983. Em 1991 cobriu a Guerra do Golfo. E em 2002 ganhou o Pulitzer por reportagens sobre Bin Laden e al-Qaeda.