Título: JORGE FÉLIX MANDOU PARAR INVESTIGAÇÃO NOS CORREIOS
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Fonte: O Globo, 06/07/2005, O País, p. 8
Apuração se aproximava de diretor indicado por secretário petista, diz araponga
BRASÍLIA. O coordenador-geral de Operações Sistêmicas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Edgard Lange, admitiu ontem em depoimento à CPI dos Correios que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Félix, determinou que ele suspendesse as investigações de corrupção nos Correios quando a apuração estava se aproximando da diretoria de Tecnologia da estatal. Essa diretoria era ocupada por Eduardo Medeiros, que havia sido indicado pelo ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira.
- Confesso que no dia 16 de maio, quando fizemos o último relatório, estávamos nos aproximando dessa área (diretoria de Tecnologia). No dia seguinte recebemos a ordem do ministro para parar - revelou Lange.
Segundo Lange, a investigação da Abin nos Correios teve início no dia 5 de abril passado, logo após o diretor-geral da agência, Mauro Marcelo de Lima e Silva, ter recebido uma denúncia anônima indicando que havia indícios de corrupção na estatal. Mas só no dia 13 de maio, um dia antes da revista "Veja" circular, é que a Abin foi alertada que seria publicada uma denúncia sobre irregularidades na estatal.
Três dias depois, no dia 16 de maio, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) encaminhou ao Gabinete de Segurança Institucional uma cópia da fita com Marinho recebendo propina e pediu que a Abin levantasse o nome do responsável pela gravação. Mas o pedido não teve efeito. No dia 17, por ordem do ministro Félix, a investigação nos Correios foi suspensa.
Lange revelou que as investigações parciais indicavam que havia uma briga comercial na estatal por espaço. Sem poder revelar detalhes até mesmo sobre a denúncia anônima que chegou à Abin, o agente limitou-se a identificar poucas empresas que estariam envolvidas nessa guerra como a HHP, Siemens, Internec e Unisys.
Legenda da foto: LANGE: ORDEM foi dada em 17 de maio