Título: CRISE POLÍTICA E FREIO NA ECONOMIA TORNAM CONSUMIDOR MAIS PESSIMISTA
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 06/07/2005, Economia, p. 22

FGV: cresce número dos que dizem que a situação econômica vai piorar

A crise política abateu o ânimo do consumidor, que ficou mais pessimista em junho. A piora nas avaliações e expectativas do consumidor atingiu sete dos nove quesitos acompanhados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou a pesquisa ontem. Os indicadores que apresentaram os piores resultados foram os ligados à situação econômica do país: 35,6% acreditam que piorou, contra 28,2% de maio.

- A turbulência política, com a desaceleração da economia, deixou os consumidores menos otimistas principalmente quanto à situação do país. Sobre suas condições econômicas, houve piora, mas um pouco menor - disse Aloisio Campelo, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

O nível de confiança do consumidor caiu a um nível semelhante ao observado em abril do ano passado, quando a fundação identificou a mesma fonte de pessimismo: turbulência no meio político. Na época, o motivo da crise veio com as denúncias de corrupção contra Waldomiro Diniz, um dos principais assessores do então ministro da Casa Civil, José Dirceu:

- Logo depois a crise se dissipou, a economia melhorou e a expectativa, também - lembrou Campelo.

No quesito economia, a tendência é de melhoria na avaliação do consumidor, segundo Campelo, já que todas as projeções caminham para um segundo semestre com juros menores e mais empregos:

- Se a economia melhorar e crise permanecer viva, a confiança abalada vai servir como um redutor para o crescimento - afirmou Campelo.

Mesmo acreditando que a economia do país está pior, o consumidor ainda considera sua situação estável e aposta em melhoria no mercado de trabalho. Campelo explica que esse último indicador praticamente alcançou o fundo do poço em maio - foi o segundo pior resultado da série histórica iniciada em outubro de 2002:

- Mesmo assim, a melhora não foi suficiente para mudar a trajetória de confiança, que continua apontando para baixo.

Menos compra de bens duráveis e mais dívidas

Mais da metade (52,9%) dos 1.464 entrevistados pela FGV disseram que pretendem diminuir as compras de bens duráveis nos próximos seis meses. O percentual subiu em relação a maio (50,4%). O endividamento também aumentou. Em maio, 25,9% declararam que tinham dívidas. E esse percentual subiu para 29,5% em junho, enquanto a parcela dos que conseguiram poupar ficou estável em 13,8%.

inclui quadro: oscilações na confiança / na situação econômica do país / na situação econômica da família