Título: PALOCCI AUMENTA PODER E PREOCUPA OS ALIADOS
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 08/07/2005, O País, p. 9

Com prestígio crescente no governo, ministro tenta emplacar técnico na Previdência Social

BRASÍLIA. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pode se transformar no único sobrevivente do ex-núcleo duro do governo, grupo de conselheiros do presidente Lula que era integrado também pelos ministro Luiz Gushiken e o ex-ministro José Dirceu. Palocci não apenar vai ficar no governo como está próximo de ampliar seu poder na Esplanada dos Ministérios se conseguir emplacar o futuro ministro da Previdência Social.

O ministro está trabalhando ativamente para que o futuro ministro seja um nome técnico, que tanto poderia ser o secretário-executivo da Fazenda, Joaquim Levy, como o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, ou o sub-secretário para Assuntos Econômicos da Fazenda, Luciano Oliva. Ou ainda o secretário da Receita, Jorge Rachid.

Novo ministro tentará estancar déficit crescente

A extensão dos poderes de Palocci já preocupava petistas e aliados no Congresso.

- Espero que a posição de Palocci não prevaleça. Um nome técnico não traz apoio político. Isso me preocupa, sobretudo neste momento de crise - disse um líder governista.

A principal tarefa do futuro ministro é adotar medidas para estancar o crescimento do déficit da Previdência Social, evitando que o presidente Lula tenha que apresentar uma nova proposta de reforma da Previdência às vésperas das eleições presidenciais. Num jantar promovido pelo deputado Delfim Netto (PP-SP), na terça-feira, Palocci repetiu para vários deputados e senadores que o déficit da Previdência é hoje o maior problema do Brasil. Disse ainda que enfrentar esta questão exige uma gerência firme. Fez este mesmo discurso na quarta-feira num almoço na Fiesp. Hoje, no fim da manhã, Palocci terá um encontro com Lula que poderá ter como resultado a escolha do nome do ministro.

Palocci tentará emplacar sucessor de Gushiken

Ao longo do dia de ontem, ao mesmo tempo em que cresciam os boatos da saída de Luiz Gushiken da Secom surgiam notícias de que Palocci também pretendia, se espaço tiver, fazer o sucessor do amigo petista. As mudanças no Banco do Brasil, com duas demissões confirmadas ontem e mais três previstas para os próximos dias, também têm a força da mão de Palocci, que desde a saída de Cassio Casseb da presidência da instituição vem tentando limpar o banco de todas as indicações políticas.