Título: BB deve afastar mais três diretores indicados pelo PT
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 08/07/2005, O País, p. 9

Determinação de Lula foi tirar da diretoria os nomeados por apadrinhamento político; dois já foram demitidos

BRASÍLIA. Para cumprir determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de afastar afilhados políticos do PT nas estatais, o Banco do Brasil deverá ter três novas baixas nos próximos dias, além das demissões do vice-presidente de Finanças, Luiz Eduardo Franco de Abreu, e de Edson Monteiro, da área de Varejo, funcionário de carreira do banco. Os dois foram indicados com apoio do PT e deixaram os cargos ontem. A saída deles foi sacramentada anteontem pelo Conselho de Administração do banco, presidido pelo secretário de Política Econômica, Bernard Appy.

Os próximos alvos são o presidente do Banco Popular do Brasil, Geraldo Magela, que tentará a candidatura para o governo do Distrito Federal; o diretor de Marketing, Henrique Pizzolato, desgastado desde sua parceria com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, no show em benefício do partido no Porcão; e do vice-presidente de Tecnologia e Infra-Estrutura, Luiz Cerqueira César, conhecido no movimento sindical como "Mexerica". Com exceção de Pizzolato - indicação do ministro de Comunicação de governo, Luiz Gushiken - todos são da cota do PT.

Segundo fontes do governo, a maior pressão pela substituição dos indicados políticos por perfis técnicos e de carreira em funções estratégicas do BB vem do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Já na saída de Cássio Casseb da presidência do banco no fim de 2004, Palocci agiu rápido e indicou Rossano Maranhão, que atuava na área de Negócios Internacionais. Disse a interlocutores do Palácio que não aceitaria ingerência do PT no BB. Agora chega perto de seu objetivo de tirar todos os indicados políticos.

A assessoria de imprensa do BB negou que a demissão dos dois tenha sido motivada pela relação do banco com o PT - em 2003 o partido obteve um empréstimo de R$20,6 milhões para informatizar os diretórios regionais. Em nota, o BB negou irregularidades na operação, afirmando que o empréstimo foi concedido dentro das normas da instituição e que tem o partido como cliente desde 1991.

"Assim como ocorre com os demais processos de crédito, a operação com o Partido dos Trabalhadores seguiu todos os trâmites e parâmetros técnicos do BB", diz o texto.

Geraldo Magela, que assumiu a presidência do Banco Popular há menos de três meses, disse ontem que não abre mão da sua candidatura e que por isso, deverá mesmo deixar o cargo. Ele assumiu a vaga deixada por Ivan Guimarães, da quota do PT e que deixou o governo desgastado com as despesas excessivas em publicidade do Banco Popular - criado para ser o braço do BB para oferecer crédito para as classes de baixa renda.

- Sou candidato e não escondo isso de ninguém, nem do presidente Lula que tem reiterado várias vezes que os candidatos devem deixar o governo - disse Magela.

Solução caseira para a presidência do Banco Popular

Segundo ele, será adotada uma solução caseira para preencher a presidência do Banco Popular. A vaga a ser aberta com a saída do vice-presidente Cerqueira César está sendo cobiçada pelo PMDB. Mas Palocci já vetou a idéia, quer um técnico, de preferência funcionário de carreira do banco.

Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o BB indicou o funcionário Aldo Luiz Mendes, para substituir Luiz Eduardo Franco de Abreu e o funcionário Antônio Francisco de Lima Neto, para a vaga de Monteiro.

Das sete vice-presidências do BB, quatro tiveram indicações políticas. Além das citadas, a vice-presidência de Gestão de Pessoas (recursos humanos), exercida por Luiz Oswaldo Moreira de Souza, também é uma indicação do PT, mas é funcionário de carreira do banco.

O ENVOLVIMENTO DO BB

Para comprar uma sede em São Paulo, por R$15 milhões, o PT conseguiu que a dupla Zezé di Camargo e Luciano colaborasse fazendo dois shows com renda para o partido. O problema é que os músicos estavam com um pedido de patrocínio no Banco do Brasil. O BB negou o patrocínio para a dupla sertaneja. Mas o banco tinha comprado R$70 mil em ingressos para o show em benefício do PT.

No depoimento à CPI, Valério disse que a DNA recebeu R$103 milhões do BB no ano passado. Valério disse que a empresa tem a conta do BB desde 1994. Só que em 2003 houve uma nova licitação e a DNA permaneceu no banco. Segundo dados fornecidos pelo publicitário, só nos últimos quatro anos e meio, esse contrato rendeu mais de R$350 milhões à DNA.

Legenda da foto: MAGELA: o petista vai deixar Banco Popular para disputar governo do DF