Título: PFL: JOÃO PAULO SE BENEFICIAVA DE PESQUISAS
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 08/07/2005, O País, p. 12

Trabalho do Vox Populi custou à Câmara R$750 mil

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha (PT-SP) é acusado pelo PFL de ter usado dinheiro da Câmara para encomendar pesquisa de opinião pública de seu interesse político e eleitoral. Quando dirigiu a Câmara, de fevereiro de 2003 a fevereiro de 2005, João Paulo contratou, via agência SMP&B, empresa de Marcos Valério, duas pesquisas do Instituto Vox Populi, no valor total de R$757.230,60. Nestas pesquisas, João Paulo fazia questão de estratificar as entrevistas para que cerca de 50% da amostra fossem em São Paulo, estado que o elegeu e onde pretende disputar as eleições para o governo ano que vem.

Em agosto e novembro de 2004, em pesquisas telefônicas, João Paulo, que àquela época lutava para aprovar uma emenda constitucional que permitiria sua reeleição à presidência da Câmara, incluiu entre as perguntas sobre a imagem da Câmara a opinião dos entrevistados sobre a proposta de reeleição.

- Os deputados não tiveram acesso a nenhuma pesquisa institucional para avaliar a imagem da Câmara. Está bastante claro que o ex-presidente João Paulo Cunha usou dinheiro da Câmara para fazer pesquisa sobre temas que eram de interesse político particular do ex-presidente da Casa - disse o líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ).

O PFL vê indícios de irregularidades na contratação e na realização das pesquisas. O Instituto Vox Populi foi contratado por tomada de preço, sendo que na pesquisa de março de 2004 seus concorrentes foram os institutos "Síntese, Pesquisa e Análise" e "Cristina Pacheco".

João Paulo não foi encontrado para dar sua versão sobre os contratos.

Cesar: mensalão também no atacado

Durante reunião da executiva nacional do PFL em São Paulo, o prefeito do Rio, Cesar Maia, afirmou que a versão das denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) condizem totalmente com a informações que tinha sobre a existência do mensalão. Cesar disse que o pagamento do mensalão era feito no atacado, para o PL e para o PP, como denunciou Jefferson, e também no varejo.

Na reunião, a executiva decidiu que não vai trabalhar para o presidente. Classificando Lula e seu governo de incompetentes, os líderes pefelistas afirmaram que o presidente deve ser condenado a ter que disputar a reeleição para ser rejeitado nas urnas.

- O PFL não pretende de forma nenhuma propor o impeachment. Ele deve ser condenado a ser candidato à reeleição para que seja julgado pela sua incompetência e pela sua falta de comando e por ter escolhido pessoas inadequadas aos cargos de direção desse país - criticou o senador Jorge Bornhausen (SC), presidente nacional do PFL.