Título: OBRA DO METRÔ: ESTADO CONTESTA BNDES
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 08/07/2005, Rio, p. 17

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega, afirmou ontem que a instituição tem interesse em financiar as obras do metrô do Rio, mas que a liberação dos recursos depende da solução de pendências que o governo do estado tem junto ao Tesouro Nacional. A Assessoria de Comunicação do Palácio Guanabara, no entanto, informou que a situação do estado em relação ao governo federal "é absolutamente regular" e que uma certidão do Tesouro Nacional expedida no mês passado atesta que o estado não está inadimplente.

Desde janeiro, segundo Mantega, o BNDES suspendeu o pagamento das parcelas do financiamento, num montante que já chega a R$48 milhões.

- Estamos tentando solucionar essa questão do metrô do Rio. Há todo o interesse do banco em viabilizar recursos para o projeto. Mas houve um problema de inadimplência do governo do Rio e, apesar da reestruturação da dívida com o BNDES, ainda existem alguns detalhes que têm que ser resolvidos com o Tesouro Nacional - disse Mantega.

Na última quarta-feira, uma equipe do BNDES foi ao Ministério da Fazenda, em Brasília, tentar convencer técnicos do Tesouro a apressar o aval para que o dinheiro seja liberado. Segundo Mantega, o banco não pode autorizar o pagamento sem a autorização do Tesouro.

O trecho em construção liga a estação Siqueira Campos, em Copacabana, à Praça Eugênio Jardim, onde ficará a estação Cantagalo, em Copacabana.

Impasse ameaça parar expansão até o Cantagalo

Empreiteira preferiu esperar reunião marcada para dia 15

O impasse entre o BNDES e o estado ameaça paralisar as obras de expansão da Linha 1 do metrô. Devido à falta de pagamento, a Odebrecht, empresa responsável pela construção do trecho entre a estação Siqueira Campos e a Praça Eugênio Jardim (Cantagalo), em Copacabana, ameaça suspender o serviço. Atualmente, cerca de 800 operários trabalham nas escavações da galeria de 1.200 metros sob o Morro dos Cabritos.

Na semana passada, a Odebrecht informou ao estado que paralisaria as obras por não receber há seis meses. Mas a empreiteira preferiu esperar uma reunião marcada para o dia 15, com representantes da Rio Trilhos (antiga Companhia do Metropolitano) e do estado, para decidir sobre a paralisação.

Em dezembro de 2003, o BNDES e o governo do Rio chegaram a um acordo para o reescalonamento da dívida estadual com o banco. A dívida, no valor de R$847,5 milhões, foi contraída para financiar os investimentos no metrô. Na época, as parcelas já vencidas e não pagas somavam R$146 milhões, segundo Guido Mantega.

A inauguração da estação Cantagalo está prevista para março de 2006. A obra custará R$267 milhões, sendo 60% financiados pelo BNDES e 40% pelo governo do estado. Quando a estação Cantagalo estiver concluída, o metrô ficará a apenas 750 metros de Ipanema.