Título: DEFLAÇÃO DE 0,45% NO IGP-DI DE JUNHO
Autor: Mirelle de França
Fonte: O Globo, 08/07/2005, Economia, p. 26

Índice que reajusta telefonia é o menor desde o mês de julho de 2003

Pelo segundo mês consecutivo o IGP-DI, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve deflação. O índice de inflação fechou o mês de junho com -0,45%, ainda mais baixo que o -0,25% de maio. O IGP-DI é o indicador usado nos contratos para reajustar os preços da telefonia e de outras tarifas públicas.

O principal responsável pelo resultado de maio foi o IPA, que mede os preços no atacado e fechou junho em -0,78%, contra -0,98% em maio. A queda de preços no atacado, por sua vez, foi repassada ao consumidor: o IPC fechou o mês em queda de 0,05%, depois da alta de 0,79% em maio. O último índice que compõe o IGP-DI é o INCC, que mede a variação dos custos de construção, e também desacelerou, de 2,09% para 0,76%.

Para o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Salomão Quadros, o resultado era esperado. Segundo ele, a deflação menor no atacado foi compensada pela queda mais brusca dos preços ao consumidor, causada principalmente pela forte baixa no preço dos alimentos in natura.

Economistas divergem sobre significado da deflação

Quadros espera ainda, que os resultados do IGP-DI tenham reflexo nos futuros aumentos de tarifa:

- Com esse resultado, o índice acumulado em 12 meses é de 6,50%. Há dois meses, era de 8,36% - observou - Mesmo que não haja deflação em julho e agosto, a inflação não será alta. Assim, sairão da composição do reajuste dois meses em que tivemos inflação acima de 1%.

Para a economista Marcela Prada, da Consultoria Tendências, o resultado do IGP-DI em maio e junho reflete a valorização do real e a pressão de alguns itens, como alimentos. Ela diz, no entanto, que o mês de julho já não deve ter deflação.

- O câmbio estabilizou e já não deve fazer tanto efeito. Além disso, a entressafra agrícola está chegando, o que pressiona o preço dos alimentos.

Há economistas que acreditam que as seguidas deflações são um sinal de desaceleração econômica. É o caso do professor do Ibmec Fabio Fonseca. Segundo ele, a economia se ressente dos juros altos, excetuando setores de exportação e outros como os de siderurgia e petróleo.

- Já passou da hora de o BC baixar os juros. O juro real já anda em 14% ao mês.

Quadros, da FGV, no entanto, não vê a deflação recente como sintoma recessivo.

- Ela não veio para ficar. Sua duração indica um período de acomodação na economia, e não uma crise.