Título: MERCADOS SE RECUPERAM DE QUEDA APÓS ATAQUE
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Fonte: O Globo, 08/07/2005, Economia, p. 27

Wall Street fecha em alta. Analistas minimizam impacto das explosões no metrô de Londres na economia global

LONDRES, NOVA YORK e SÃO PAULO. O choque causado pelas explosões no metrô de Londres, que mataram pelo menos 38 pessoas, levou as bolsas de valores em todo o mundo a caírem até 4% pela manhã, mas, ao longo do dia, o mercado conseguiu se recuperar. Mesmo os índices que fecharam em baixa, como o londrino FTSE, ficaram acima das mínimas registradas no dia. Wall Street registrou uma ligeira alta, com os analistas acreditando que a economia global vai superar rapidamente esse novo ato terrorista.

Economistas lembraram que o mercado já teve experiências semelhantes, com o 11 de setembro de 2001 em Nova York e o atentado em Madri ano passado.

- No dia seguinte a um evento como esse, as pessoas se perguntam: "O que faço agora?" e, na maioria dos casos, continuam a viver suas vidas - disse David Kelly, assessor econômico da Putnam Investments. - Quando se observa os dados, a economia americana na verdade saiu da recessão após o 11 de Setembro.

Em São Paulo, dólar recua 0,75%, para R$2,377

Em Londres, o FTSE caiu 1,36%, depois de ter recuado mais de 3%. As maiores quedas foram as das empresas aéreas - a British Airways caiu 4,2% - e dos fabricantes de artigos de luxo - a Burberry recuou 2,9%, depois de cair mais de 10%. Em Paris, o CAC-40 caiu 1,39% (após registrar queda de 4% durante o dia), enquanto o Ibex-35, de Madri, recuou 1,91% e o DAX, de Frankfurt, 1,85%.

Em Nova York, o Dow Jones fechou em alta de 0,31%, e o Nasdaq, onde são negociados os papéis das empresas de alta tecnologia, subiu 0,34%. Os dois índices chegaram a cair quase 1% após a notícia dos atentados em Londres. As maiores quedas foram de companhias aéreas e seguradoras.

No Brasil, o mercado também se recuperou após o choque inicial. Depois de quatro dias de alta, o dólar recuou 0,75%, para R$2,377. Pela manhã, como primeira reação ao atentado, a moeda subira 0,79%, a R$2,414. O risco-Brasil, que chegou a subir mais de 2%, terminou o dia em baixa de 0,96%, aos 412 pontos centesimais.

Somente a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) não acompanhou a reação dos demais mercados e recuou 0,27%, sua quarta baixa consecutiva. A razão, segundo analistas, foi o depoimento de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério, na CPI dos Correios.

- Não fosse o cenário político, a Bovespa teria acompanhado a melhora das bolsas americanas, que fecharam em alta - disse Nicolas Balafas, consultor de investimentos da corretora Planner.

As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) acompanharam a trajetória do dólar. A taxa de janeiro de 2007, a mais negociada, recuou de 17,60% para 17,51% anuais.

- A maioria dos mercados já possui um "ágio do terror" - disse Joseph Battipaglia, diretor de Investimentos da corretora Ryan, Beck & Co. - Quando ocorre algo, a não ser que seja de proporções catastróficas, eles conseguem absorver.

Para Michael Metz, diretor de Investimentos da Oppenheimer & Co., os mercados já se deram conta de que a ameaça do terrorismo permanecerá ainda por algumas décadas.

ATENTADOS TERRORISTAS EM LONDRES, na página 30

Legenda da foto: O LETREIRO DA bolsa eletrônica Nasdaq expressa solidariedade pelas vítimas dos atentados em Londres