Título: EUA ampliam medidas antiterror
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Fonte: O Globo, 08/07/2005, O Mundo, p. 33

Em Nova York milhares de policiais foram para as ruas. Em Washington metrô chegou a parar

NOVA YORK e WASHINGTON. Desde às 6h, Nova York era uma outra cidade ontem. Assim que chegaram as informações do atentado em Londres, milhares de policiais foram para as ruas, estações de trem e do metrô. Durante todo o dia, helicópteros patrulharam a cidade pelos ares, submarinos vigiaram portos e ferry boats. O som de sirenes era constante, barreiras policiais pararam carros para pedir documentos dos motoristas e vistoriar as cargas.

Uma certa tensão no ar fez desaparecer o estilo despreocupado que a cidade adota no verão e o prefeito Michael Bloomberg pediu aos nova-iorquinos que ficassem atentos.

- Nós conhecemos o que Londres está experimentando e sei que os nova-iorquinos ficam preocupados que esses ataques se repitam aqui. Garanto que fizemos tudo para prevenir que isso aconteça - disse o prefeito.

Assim que acabaram de anunciar as medidas de segurança, governador, prefeito e chefe de polícia tomaram o metrô para demonstrar aos 3 milhões de passageiros diários que não precisam mudar a rotina. Quem tentou mostrar solidariedade às vítimas botando um buquê de flores na porta do Consulado da Grã-Bretanha foi impedido pela polícia por questões de segurança. Os prédios ligados de alguma maneira àquele país estão sob proteção, a polícia está em comunicação constante por e-mail com empresas, indústrias e hospitais. Todas as 12 agências de segurança estão de prontidão. O nível de alerta não mudou porque é laranja desde a derrubada do World Trade Center.

Em Washington, serviço de metrô foi interrompido

No Centro de Washington, olhares de apreensão e temor se cruzaram quando uma composição do metrô da Linha Vermelha interrompeu seu percurso poucos metros antes de chegar à estação Farraguth North, às 8h50m de ontem.

Até o eventual policial, armado com uma metralhadora diante de uma das portas de um dos vagões, deixou transparecer nervosismo com a súbita parada - enquanto o condutor comunicava, pelo serviço de alto-falantes, que o trem teria de ficar retido ali por alguns minutos "por um problema técnico mais adiante".

- Aconteceu! Aconteceu aqui também! - exclamou a secretária Ethel Levitt.

Como a maioria ali dentro, ela tinha ouvido pelo rádio ou visto no noticiário matinal da TV o que acontecera em Londres. O policial e um colega que estava na outra extremidade do trem conseguiram conter o pânico que despontava no vagão lotado. A composição reiniciou sua viagem depois de dois minutos.

Poucos minutos antes, o secretário de Segurança Interna, Michael Chertoff, havia determinado a elevação do alerta de terror da cor amarela (risco elevado) para laranja (alto risco). Isto não acontecia desde janeiro do ano passado.

A secretária de Estado, Condoleezza Rice, ordenou que todas as embaixada americanas reforçassem as suas medidas de segurança. E, ao mesmo tempo, determinou que o Serviço Secreto aumentasse a proteção às embaixadas estrangeiras em Washington - especialmente à representação britânica, vizinha à do Brasil. Atiradores de elite se colocaram em pontos estratégicos tanto do Pentágono quanto da Casa Branca.

Legenda da foto: POLICIAIS TOMAM conta da Grand Central Station, em Nova York: medo de novos atentados fez governo aumentar segurança em todo o país