Título: DEPUTADA NEGA DENÚNCIAS DE WENDELL
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 09/07/2005, O País, p. 4

Neyde Aparecida apresenta informações contraditórias sobre viagem

BRASÍLIA. A deputada federal Neyde Aparecida (PT-GO) negou ontem a acusação feita por seu ex-motorista Wendell de Oliveira de que ela o mandou a São Paulo buscar um pacote com US$200 mil na direção nacional do PT, em setembro de 2004. Segundo a deputada, que se emocionou ao falar do assunto, Wendell viajou por outra razão: buscar no PT material de propaganda partidária, como estrelas de plástico, adesivos e camisetas.

Neyde confirmou a ida do motorista à secretaria de Finanças, em São Paulo, comandada à época por Delúbio Soares. Mas, ao explicar como foi organizada a viagem, apresentou informações contraditórias. Ela disse que havia urgência em buscar o material de propaganda, daí a decisão de enviar o funcionário em vez de solicitar uma remessa pelos Correios ou outro serviço de entrega ou transporte. Apesar da pressa, Wendell viajou de avião só na ida. Na volta, veio de ônibus.

Segundo o motorista, a viagem de ônibus foi para evitar o aparelho de raio-X no aeroporto. De acordo com a deputada, o motivo foi bem diferente: a passagem mais barata.

- O PT fez um material que servia para todo o Brasil, com o número 13. E como a gente precisava de material rápido, ele foi a São Paulo buscar. Serviço de transporte demora mais. Quando a gente tem urgência, alguém vai buscar (...) Como a passagem de avião é muito mais cara, (ele) foi de avião e voltou de ônibus. Nem me lembrava disso.

Neyde ameaça processar ex-motorista

Indagada sobre a quantidade de material de propaganda apanhado pelo funcionário, a deputada disse que ele trouxe pacotes que cabiam dentro de um táxi. O fato de o contato em São Paulo ter sido com a secretária de Delúbio, segundo Neyde, é explicado pelo fato de que ele era o dirigente nacional encarregado da campanha em Goiás.

Ela acusou o ex-motorista de furto e tentativa de chantagem, afirmando que vai processá-lo. Segundo a deputada, o ex-motorista teria dito que órgãos de imprensa estariam oferecendo até R$60 mil por uma entrevista com denúncias.

A deputada disse que Wendell era funcionário da prefeitura de Goiânia, na gestão do petista Pedro Wilson, e que foi seu motorista enquanto presidiu a Companhia de Urbanização de Goiânia. Quando ela assumiu o mandato parlamentar, em 2003, o funcionário continuou recebendo salário da prefeitura, mas foi cedido para o gabinete político de Neyde em Goiânia.

De acordo com a deputada, o motorista abandonou o emprego em janeiro, após a descoberta de que teria furtado R$400 de uma conta de Neyde na Caixa Econômica Federal. Depois disso, segundo a deputada, o ex-funcionário só a procurou nos últimos dias, contando que tinha dificuldades financeiras.

Até a publicação da reportagem de ontem no GLOBO, Neyde Aparecida não havia registrado queixa pelo furto de R$400 nem pela tentativa de extorsão.

- Como ele não apareceu mais no trabalho, e desapareceu, achei melhor não ir à polícia. Mas agora, diante dos fatos ocorridos, diante das mentiras que ele está inventando, diante da chantagem que está tentando fazer, estou juntando a documentação para ir à polícia.

Legenda da foto: NEYDE APARECIDA: "O PT fez um material de campanha que servia para todo o Brasil, com o número 13"