Título: PF QUER SABER RELAÇÃO DO PT COM VALÉRIO
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Fonte: O Globo, 09/07/2005, O País, p. 4

Delúbio e Sílvio têm de explicar por que publicitário virou avalista do partido

SÃO PAULO. Ao tomar os depoimentos do ex-tesoureiro Delúbio Soares e do ex-secretário-geral Sílvio Pereira, ambos do PT, a Polícia Federal centrou ontem os interrogatórios na relação dos petistas com o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, considerado o operador do mensalão e principal alvo das denúncias de corrupção no PT e no governo Lula. Ouvidos pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, que preside o inquérito, Delúbio e Sílvio explicaram suas relações com Valério.

- O foco do inquérito foi o Marcos Valério. O delegado procurou saber qual a relação deles com o publicitário - disse o advogado dos dois petistas, Arnaldo Malheiros.

Primeiro a ser ouvido, por cerca de três horas, Sílvio Pereira disse ao delegado não conhecer o publicitário e também que não tinha conhecimento sobre os empréstimos tomados pelo PT, com aval de Valério. Na saída da PF, Sílvio reiterou que seu trabalho na indicação de cargos do governo era feito em nome do PT.

- Expliquei que tudo o que eu fazia, como eu atuava, era em nome do PT. Eu indicava nomes do partido para o governo, como qualquer partido da base aliada - disse ele.

Sílvio disse ainda que os culpados nesse episódio - "políticos, empresários" - terão de ser punidos de acordo com a lei". Ele não citou nomes. O ex-secretário também defendeu a permanência de José Genoino na presidência do PT. Sílvio prestará depoimento à comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara no dia 2 de agosto.

Ao chegar à sede da PF, Delúbio foi cercado pelos jornalistas mas não respondeu a qualquer pergunta.

Arnaldo Malheiros, criminalista de prestígio em São Paulo que tem entre seus clientes o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, e o presidente do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira, disse ontem que está sendo pago pelo PT para defendê-los. Malheiros não adiantou a linha de defesa que deve adotar.

Legenda da foto: SÍLVIO: ex-secretário disse desconhecer Valério e os empréstimos