Título: APORTE DA TELEMAR FOI DE R$5 MILHÕES
Autor: Soraya Aggege/Aguinaldo Novo e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 09/07/2005, O País, p. 8

Sócios dizem que filho de Lula foi para a empresa porque 'é fanático por games'

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A Telemar fez um aporte total de R$5 milhões na Gamecorp, empresa que tem entre seus sócios Fábio Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além dos R$2,5 milhões para comprar os 35% das ações da Gamecorp, a Telemar pagou mais R$2,5 milhões para comprar com exclusividade os serviços de conteúdo para telefonia celular. A operação foi fechada em 6 de janeiro deste ano.

Entre os acionistas da Telemar Participações estão o BNDES, com 25% das ações, e a Fiago Participações Ltda, com 19,9%. A Fiago é formada por fundos de pensão, entre eles a Previ (Fundo de Pensão do Banco do Brasil). O negócio foi viabilizado pela Consultoria Trevisan Associados, que tem como sócio principal Antoninho Marmo Trevisan, amigo de Lula e integrante do Conselho de Ética Pública da Presidência da República.

A assessoria de imprensa da Presidência da República informou que o presidente Lula não iria comentar a sociedade de seu filho com a Telemar porque este não é um assunto de governo. Segundo assessores, o presidente mostrou-se contrariado e ao mesmo tempo preocupado com a divulgação da notícia. Ao voltar da viagem à Europa, Lula consultou ministros sobre questões éticas da sociedade. A avaliação interna é de que não havia problema na transação.

Fábio e seus sócios, os irmãos Kalil e Fernando Bittar, filhos do compadre de Lula, Jacó Bittar, ex-prefeito de Campinas, além de Leonardo Eid, investiram cerca de R$200 mil apenas, como patrimônio. Não entraram com nenhum dinheiro, segundo disseram Kalil e Eid.

- O Fábio, na verdade, é fanático em videogame. E como é meu amigo e nós já estávamos nesse ramo, o convidei para a empresa. Não usamos qualquer influência política nem dinheiro público - disse Kalil Bittar.

Segundo ele, seu irmão Fernando conhecia Trevisan da militância de ambos na ONG Fome Zero.

De acordo com Kalil e Eid, os 65% das ações que eles adquiriram foram para a holding BR-4, e cada uma das empresas que Fábio, Kalil e Fernando (a G-4) e Eid (Espaço Digital) têm, ficou com 50% das ações. Eles argumentaram que ofereceram à Telemar um grande investimento: a G-4 tem uma licença da G-4 americana para usar conteúdos, além de know-how e alguns clientes na área.

- Na verdade, nós somos aficionados por videogames e o Fábio é um verdadeiro hard game- disse Kalil.

A Telemar divulgou nota em que afirma não haver irregularidade na transação.

Legenda da foto: KALIL BITTAR: "Não usamos influência"