Título: Fundo que rende bons vinhos
Autor: Allan Gripp
Fonte: O Globo, 09/07/2005, O País, p. 12

Diretores da Previ gastaram mês passado R$1.500 na compra de bebidas em delicatessen com cartão de crédito corporativo

O prazer em degustar bons vinhos parece ser compartilhado por parte da diretoria da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Mês passado, o desejo foi saciado por seu presidente, Sérgio Rosa, e pelo presidente do Conselho Deliberativo, Henrique Pizzolato, que gastaram juntos mais de R$1.500 em casas do ramo na cidade. O hábito teria passado em branco se as despesas não tivessem sido pagas com os cartões de crédito corporativos dados a eles para gastos de trabalho, como mostram extratos obtidos pelo GLOBO.

Em duas compras em 9 de junho, Rosa gastou R$347 no Lidador. Pizzolato, que também é diretor de Marketing e Comunicação do BB, gastou outros R$1.211 em quatro compras, um na Deu la Deu Vinhos e três na Planeta Sonho Delicatessen, ambas em Copacabana. Duas delas aconteceram 11 e 12 de junho, sábado e domingo.

Já o diretor de Administração, Francisco Alexandre, usou o cartão cinco vezes em bares e restaurantes sábado e domingo. O gasto foi de R$418.

Embora atue como empresa privada, o patrimônio da Previ é formado pelas contribuições dos funcionários do Banco do Brasil e do banco estatal. Rosa e Pizzolato têm outro ponto em comum: foram indicados pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken.

Segundo a assessoria da Previ, os vinhos foram comprados por Rosa para um jantar de trabalho, em casa, oferecido a executivos. Sobre os gastos de Pizzolato e Alexandre, a assessoria informou que o uso do cartão está dentro das regras do fundo ("uso para relacionamento público social"), compatível com a atuação de executivos.

O fundo enfrenta ainda protestos dos funcionários que ingressaram por concurso. Eles cobram a implementação de um plano de carreira. Nos últimos dois dissídios coletivos, não houve acordo entre empregados e patrões.