Título: Nome para Previdência faz Lula adiar reforma
Autor: Ilimar Franco e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 09/07/2005, O País, p. 14

Jucá já entregou o cargo, mas presidente ainda não conseguiu convencer um representante da sociedade a aceitá-lo

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiou o fim da reforma ministerial para o início da próxima semana porque está tendo dificuldades para fechar o nome do futuro ministro da Previdência. Romero Jucá entregou ontem o cargo ao presidente. Em baixa por causa da onda de denúncias contra o governo e o PT, o presidente não conseguiu ainda um nome de peso da sociedade para integrar o primeiro escalão.

Ontem, Lula tentou sem sucesso convencer o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, a assumir o Ministério da Previdência. O empresário esteve com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e à noite foi ao Palácio do Planalto. Eduardo Eugênio não será ministro e, oficialmente, sua assessoria diz que não houve convite.

Na solenidade de posse dos três ministros do PMDB, o presidente afirmou que espera concluir a reforma terça-feira de manhã. O presidente reafirmou o seu critério: os ministros que serão candidatos a deputado, senador ou governador nas eleições do ano que vem terão de deixar o governo. Ele não quer que seus ministros deixem o governo em abril, prazo legal de desincompatibilização para disputar as eleições. Quem for candidato que diga agora.

Negociação com o PMDB ainda por fechar

Além de buscar ministros que representam a sociedade, o presidente ainda tem que fechar a negociação com o PMDB. Os líderes do partido insistem em uma quarta pasta. O alvo dos peemedebistas é o Ministério das Cidades. Ontem, apesar de toda pressão, o ministro Olívio Dutra disse que não é candidato ao governo do Rio Grande do Sul e que não pretende sair do ministério.

- Não sou candidato ao governo do estado. Repito: não sou candidato nem ao governo, nem ao Senado, nem a deputado. E desautorizo quem quer que seja a me lançar como pré-candidato. Integro com muita honra a equipe do presidente Lula e estarei sempre na posição que o presidente entender - disse Olívio.

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, disse que será candidato a senador por Sergipe e que deixará o cargo, onde deverá ser substituído pelo atual presidente da BR Distribuidora, Rodolfo Landim. O presidente da Infraero, Carlos Wilson, que vai concorrer deixará o cargo, e o presidente de Itaipu-Binacional, Jorge Samek, que já havia renunciado a mandato de deputado também decidiu ficar e não disputará as eleições. Para o lugar de Silas Rondeau, na Eletrobrás, um dos nomes cotados é o do ex-deputado Aloísio Vasconcelos (MG).

Marina e Rossetto são exceções à regra

Mas a regra adotada por Lula terá exceções. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pode ficar, apesar de candidata ao governo do Acre. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul, ficará, pois seu cargo não é cobiçado pelos partidos.

Cotado para entrar no governo federal, o governador do Acre, Jorge Viana (PT), reuniu-se ontem à tarde com Lula na Granja do Torto. Na saída, garantiu que não foi convidado para ser ministro, apesar dos rumores de que ele poderia assumir a Secretaria de Comunicação (Secom).

Legenda da foto: JUCÁ: investigado pelo STF, ministro diz que sai para ser candidato