Título: Tarifas e remédios pesaram para os idosos
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Fonte: O Globo, 09/07/2005, Economia, p. 23

As recentes quedas de preço no atacado e no varejo não tiveram o mesmo impacto na cesta de compras da população idosa do país. É o que se pode concluir do IPC-3i, o índice de preços ao consumidor da terceira idade. O indicador é medido trimestralmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrando a variação de preços para o consumo de famílias que tenham pelo menos 50% dos integrantes com idade acima de 60 anos. No segundo trimestre, a inflação dos idosos foi de 1,83%, enquanto o IPC acumulado no período foi de 1,62%. Nos dois trimestres anteriores, a inflação para os idosos havia sido mais baixa que o IPC.

- Os pontos de pressão inflacionária nos dois últimos trimestres eram mais fortes em itens que não têm muito peso para a população idosa, como as matrículas escolares - explica o economista André Braz, coordenador do IPC da FGV - Já o transporte, que pesou menos no IPC depois que passou o impacto do aumento das passagens de ônibus, não tem tanta importância para os idosos, que contam com passe livre no transporte público.

Entre abril e junho, no entanto, houve alta de tarifas públicas e aumento no preço dos medicamentos, itens que pesam muito no consumo dos idosos. No trimestre, o grupo saúde e cuidados pessoais foi o que mais subiu (2,95%). A segunda maior alta no período ficou com o grupo habitação (2,05%), que inclui tarifas e é o que tem maior peso no índice.

É importante notar que, apesar de mais alta que o IPC, a inflação dos idosos também apresentou queda no período. Em abril, foi de 0,94%; em maio, de 0,88% e zerou no mês de junho. No acumulado de 12 meses, o IPC-3i está em 6,16%, ainda abaixo do IPC (6,25%). Apesar disso, os idosos devem se preparar para mais aumentos pela frente.

- Teremos entressafra agrícola, que deve pressionar o preço dos alimentos, e também teremos novas altas de tarifas públicas. Isso pesa para os idosos. Já o preço do vestuário cairá com o fim do inverno, mas isso não importa tanto para esse segmento da população - diz Braz. (Carlos Vasconcellos)