Título: O SONHO DA FRANÇA ANTÁRTICA
Autor: Tulio Brandão
Fonte: O Globo, 10/07/2005, Rio, p. 18

Tudo indica que, se de fato há um tesouro às margens da Baía de Guanabara, foi enterrado durante a tentativa de fundação em terras brasileiras da França Antártica. O comandante da missão, Nicolas Durand de Villegaignon, combinação de soldado, poeta, cientista e empreendedor do século XVI, chegou à entrada da Baía de Guanabara em 1554 com 500 homens e seis mulheres. Desembarcou onde hoje seria o bairro do Flamengo, uma região em que não havia portugueses. No local, segundo o historiador Milton Teixeira, foram encontrados apenas índios tamoios.

¿ Os portugueses estavam interessados apenas em rotas de migração para o interior, que facilitassem a conquista. A baía tinha a barreira da Serra dos Órgãos.

Os franceses logo fizeram amizade com os índios, que passaram a chamar o povo de Villegaignon de ¿mair¿ (¿filho de Deus¿) enquanto atribuíam aos portugueses o apelido de ¿peró¿ (¿pessoa traiçoeira¿). Mas, apesar dos esforços do comandante, o sonho da França Antártica começou a dar errado:

¿ Villegaignon proibiu que seus homens se misturassem com as índias e só havia seis francesas no Rio, que se casaram logo após o desembarque. Além disso, protegia católicos e oprimia protestantes. Não deu certo ¿ disse Milton Teixeira.

Logo os desertores surgiram e o patrimônio ¿ sem contar o supostamente enterrado ¿ teria acabado. Villegaignon, tido como avarento, voltou à França para buscar mais dinheiro e deixou no comando um sobrinho. Em 1565, os portugueses retomaram a baía e fundaram a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.