Título: PETROS VOLTA A NEGAR FAVORECIMENTO A BANCOS QUE DERAM EMPRÉSTIMO AO PT
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Fonte: O Globo, 11/07/2005, O País, p. 3

Fundação diz que investimentos são rentáveis e escolha foi técnica

A Petros, fundo de pensão da Petrobras, voltou ontem a negar, em nota, influência política ou favorecimento nas suas aplicações financeiras. Na edição de ontem, reportagem do GLOBO mostrou que a fundação encerrou 2004 com R$95,02 milhões em fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) dos bancos BMG e Rural, segundo dados do relatório anual da Petros. Os dois bancos estão envolvidos no escândalo do mensalão por terem, juntos, emprestado ao PT R$5,4 milhões em 2003. Segundo a Petros, estes investimentos ¿cumpriram o rito de análise técnica e aprovação nas instâncias decisórias da Fundação¿.

A entidade contesta ainda trecho da reportagem no qual um analista chamou a atenção para o fato de a Petros ter dado preferência a bancos médios, em detrimento de instituições de grande porte. Na nota, a Petros afirma que ¿não há aplicações em FIDCs de recebíveis de grandes instituições financeiras, pois as mesmas não oferecem este produto¿. Porém, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regulamenta e fiscaliza esses fundos, estão registrados 71 FIDCs, entre eles os de grandes empresas e instituições financeiras.

Petros tem R$114 milhões aplicados nos três fundos

A reportagem revelou também a aplicação de R$10,6 milhões (em dezembro de 2004) em um FIDC do Bancoop, cooperativa habitacional criada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Conforme a nota da Petros, nas três instituições (BMG, Rural e Bancoop), os investimentos somam hoje R$114,1 milhões, têm boa classificação de risco, oferecem rendimento entre 18,1% e 19,5% ao ano, até maio deste ano, e são, portanto, investimentos ¿em defesa do patrimônio dos participantes de todos os planos da fundação¿.

A Petros afirma no comunicado que O GLOBO fez uma equivocada associação entre divergências no conselho fiscal e as decisões de investimento. Essa associação não existiu na reportagem, que tratou os assuntos separadamente. As divergências no conselho fiscal referem-se às mudanças feitas pela Petros no cálculo atuarial. O Conselho ficou dividido e rejeitou os balanços financeiros de 2004. Entretanto, o conselho não se pronunciou sobre a carteira de investimento do fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.