Título: Tarso Genro: `Sem o PT, a vitalidade do governo está comprometida¿
Autor: Demétrio Weber/ Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 11/07/2005, O País, p. 4

Para ministro, novo mandato dependerá de partido recuperar credibilidade

BRASÍLIA. Às voltas com a finalização da reforma ministerial, que deve ser anunciada até amanhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já admite, em conversas reservadas, que o projeto de reeleição pode ficar ameaçado com o agravamento da crise política. Essa preocupação foi confirmada ontem pelo presidente do PT e ministro da Educação, Tarso Genro, que disse ainda acreditar na reeleição de Lula. No entanto, disse Tarso, isso só vai acontecer se o Partido dos Trabalhadores conseguir dar ¿uma virada¿ e recuperar sua credibilidade.

¿ Sem o PT, a vitalidade do governo está comprometida ¿ afirmou Tarso.

Haddad é forte candidato a substituir Tarso no MEC

Ele acertou com Lula que ficará à frente do ministério até 27 de julho, quando pretende apresentar a versão final da proposta de reforma universitária. Tarso teve ontem uma longa conversa com o presidente, por telefone, e ouviu do próprio Lula elogios ao secretário-executivo Fernando Haddad ¿ forte candidato a substituí-lo no MEC.

¿ Esta é uma decisão do presidente Lula, mas suponho que Fernando Haddad será o nome escolhido ¿ disse ele.

Segundo ministros ouvidos ontem pelo GLOBO, Lula já deu indicações claras que deve nomear Haddad para o lugar de Tarso no MEC.

O presidente passou o fim de semana na Granja do Torto, de onde fez diversas consultas sobre a reforma de seu ministério. Já está praticamente certo, por exemplo, que o ministro Jaques Wagner (secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) acumulará a função de coordenador político do governo, hoje exercida pelo ministro Aldo Rebelo.

Lula tentou manter Aldo no governo. Pensava em deslocá-lo para o Ministério do Trabalho. Mas o PT colocou dificuldades, o que acabou favorecendo a nomeação do presidente da CUT, Luiz Marinho.

Neste fim de semana, chegou a ser cogitada a possibilidade de Aldo ir para a Previdência, no lugar de Romero Jucá. Mas o ministro deve mesmo voltar para a Câmara e reassumir o mandato de deputado federal.

Lula tentava fechar ontem um nome para o Ministério da Previdência. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, passou a defender a indicação do secretário do Tesouro, Joaquim Levy, para o cargo, depois que o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio, recusou a pasta. Antes, Levy estava cotado para assumir o comando do INSS, já que tem fama de controlar gastos com mão-de-ferro.

Com a saída de Tarso do governo, Lula estava inclinado a manter o ministro das Cidades, Olívio Dutra. Dessa forma, ficaria arquivada a idéia de de fundir Cidades com o Ministério da Integração Nacional, que está sob o comando de Ciro Gomes.

Tarso afirmou ontem que terá como desafio recuperar a imagem do PT.

¿ A desconstituição do PT pode representar o fim da mediação democrática para reduzir as diferenças sociais no Brasil ¿ afirmou, acrescentando que o PT seria a última oportunidade na democracia brasileira de se combater a desigualdade histórica e social no Brasil.

¿ Isso seria um perigo para as instituições brasileiras, que têm que enfrentar e resolver problemas tão sérios ¿ destacou Tarso.