Título: FURACÃO: BUSH DECLARA ZONA DE DESASTRE
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Fonte: O Globo, 11/07/2005, O Mundo, p. 22

Dennis chega à Flórida com ventos de até 192 km/h, alarmando população

MIAMI. Depois de ganhar força e assustar a população próxima ao Golfo do México, o furacão Dennis chegou enfraquecido (categoria 3, numa escala de 1 a 5) à costa da Flórida ontem, com ventos de até 192 quilômetros por hora. No entanto, a passagem do furacão pela região levou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a declarar Flórida, Alabama e Mississippi ¿zona de desastre¿.

¿ São tempestades perigosas e a devastação que poderia acontecer é algo que já vimos ¿ advertiu o governador da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente.

Mais de 1,4 milhão de habitantes de Flórida, Alabama e Mississippi foram obrigados a abandonar suas casas, numa área que ainda se recupera dos estragos do furacão Ivan, que açoitou a região em setembro de 2004, causando 25 mortes, estragos no valor de US$15 milhões e danos em três plataformas de petróleo.

À medida que avançava, o furacão arrancava árvores, tetos, sinais, letreiros e deixava cidades sem energia elétrica. A empresa Gulf Power Co. da Flórida esperava que houvesse mais apagões, e disse que seus mais de 400 mil clientes deveriam preparar-se para ficar sem eletricidade durante três semanas ou mais.

O furacão provocou ondas gigantes em Pensacola (uma bóia chegou a registrar uma onda de 10,6 metros) que ameaçavam causar enorme destruição na região, informou o Centro Nacional de Furacões dos EUA. O último boletim, entretanto, já classificava a tormenta no nível 1.

Rastro de mortes em Cuba, Haiti e Jamaica

Na sexta-feira, o ciclone atingira Cuba com ventos de 240 quilômetros por hora, destruindo casas, arrancando árvores e derrubando fios de eletricidade. Dez pessoas morreram em Cuba e 22 no Haiti. A Jamaica também foi alvo da tempestade, onde houve um morto numa inundação.

Meteorologistas americanos já haviam anunciado em boletins divulgados nos últimos dias que o Dennis perderia sua força à medida que entrasse no continente e deixasse as águas quentes do golfo. No começo da tarde o centro da tempestade estava cerca de 32 quilômetros a leste-sudeste de Pensacola, dirigindo-se ao norte a uma velocidade de 27 quilômetros por hora, informaram cientistas.

Em Key West, cem mil casas e lojas sem eletricidade

Em Pensacola, encarregados do serviço de emergência aconselharam os moradores que decidiram ficar em casa a escreverem seus nomes no peito, o que facilitaria a identificação em caso de morte. Empresas de energia retiraram seus trabalhadores de plataformas e fecharam parte da produção de petróleo e gás natural no Golfo do México, fonte de 25% do petróleo e gás dos EUA.

No litoral do Alabama, abrigos móveis estavam disponíveis e fontes da Cruz Vermelha americana informaram que 87 centros tinham sido abertos no estado, com capacidade para abrigar 15 mil pessoas.

Horas antes do contato do olho do furacão com a terra, o sul do Alabama, Mississippi e Louisiana e o noroeste da Flórida registraram chuvas torrenciais, fortes rajadas de vento e ondas gigantes acompanhadas de inundações no litoral. A cidade de Key West, no sul da Flórida, que estava preparada para receber o furacão, escapou de sua fúria, mas foi atingida por fortes chuvas e ventania. O governo estadual disse que cerca de cem mil casas e negócios ficaram às escuras ontem.

Fotos: Dennis em Cuba e a preparação para a chegada do furacão nos EUA