Título: PRESOS SEGURANÇAS DA UNIVERSAL
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 12/07/2005, O País, p. 3

Dez são PMs do Distrito Federal e um é de Goiás

BRASÍLIA. Enquanto o presidente da Igreja Universal do Reino de Deus, deputado federal João Batista Ramos da Silva (PFL-SP), aguardava o momento de prestar depoimento na sede da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, 11 seguranças que supostamente estariam prestando serviços para a Universal foram detidos no pátio da Polícia Federal. Dez deles são policiais militares do Distrito Federal e um é da PM de Goiás.

Numa típica operação policial, agentes da PF cercaram e apontaram fuzis e pistolas para os seguranças, que estavam separados em grupos junto à superintendência e a um prédio vizinho, próximo do Instituto Nacional de Criminalística, no pátio da superintendência. Houve corre-corre e a movimentação foi acompanhada por fotógrafos, cinegrafistas e repórteres.

Os seguranças estavam armados, mas não reagiram ao ouvirem a voz de prisão. Inicialmente um grupo foi rendido. Os seguranças estavam dentro de uma caminhonete S-10 e de um Santana, ambos estacionados e com motor desligado. Em seguida, os agentes correram cerca de 50 metros, com fuzis em punho, e renderam outro grupo. Junto desses seguranças, estava o diretor-regional da TV Record no Distrito Federal, Carlos Geraldo. Depois que todos já haviam sido levados para dentro da superintendência, um agente da PF convidou Geraldo a entrar.

O deputado, que estava dentro do prédio e não viu a detenção dos seguranças, evitou comentar o episódio.

¿ Eu não estava aqui (fora). Estou sabendo disso agora. Não posso responder pelo que não vi ¿ disse ele, que concedeu uma rápida entrevista coletiva do lado de fora, antes de prestar depoimento.

O deputado e a própria PF destacaram que o presidente da Universal não havia sido preso, mas estava na superintendência para prestar esclarecimentos sobre as malas de dinheiro apreendidas no avião em que viajava.

De acordo com a PF, a presença dos seguranças no pátio da superintendência e a movimentação de carros e pessoas suspeitas nas imediações provocaram suspeitas ao longo do dia, especialmente pelo fato de que R$10 milhões em dinheiro tinham sido apreendidos e poderiam ser alvo de uma tentativa de roubo. A PF informou ter consultado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Polícia Civil e a Polícia Militar do DF para saber se alguma operação sigilosa com agentes secretos estava em andamento. Ao receber a resposta negativa, deflagrou as prisões por volta das 17h15m.

O comando da PM do DF foi avisado sobre as detenções dos policiais e informou que todos eles prestarão depoimento à corregedoria da PM após serem libertados. A PM informou que abrirá sindicância e manterá os policiais detidos administrativamente por 72 horas para que a corregedoria faça a investigação. A assessoria de Imprensa da PM informou que policiais militares não podem trabalhar como seguranças particulares nas horas de folga. (Demétrio Weber)