Título: EM MEIO A CRISE, SECOM PERDE AUTONOMIA
Autor: Cristiane Jungblut e Luiza Damé
Fonte: O Globo, 13/07/2005, O País, p. 10

BRASÍLIA. Luiz Gushiken poderá deixar o governo nos próximos dias ou semanas, mas quis deixar sua marca com propostas como a da flexibilização para a transmissão do programa "Voz do Brasil" nas emissoras de rádio, hoje obrigatória. Tendo agora sua secretaria subordinada à Casa Civil, ele perderá a autonomia financeira e administrativa, mas continuará responsável pelo gerenciamento das verbas de publicidade de governo.

Ainda não está definida qual a mudança na estrutura da Secom. Em nota divulgada ontem, quando já não estava em Brasília, Gushiken diz que foi dele a idéia de que o titular da Secom volte a ter status de secretário. Sugeriu que a Coordenação de Governo - grupo de ministros que auxiliam o presidente - fosse ampliada.

Gushiken informou que encaminharia às emissoras de rádio e ao Congresso Nacional a discussão da proposta sobre a "Voz do Brasil". O fim da obrigatoriedade de transmissão do programa é uma reivindicação das emissoras de rádio, mas depende de aprovação no Congresso.

Outra providência anunciada por Gushiken, segundo a nota, é um pedido para o ministro da Controladoria Geral da União, Waldir Pires, indicar um corregedor para controle interno da Secom, além do controle efetuado pela Casa Civil. É a defesa do ministro contra as denúncias de supostos favorecimentos a empresas de publicidade.

Gushiken, 55 anos, que não será mais gestor estratégico, era um dos homens-fortes do governo, ao lado de José Dirceu, na Casa Civil, e Antonio Palocci, na Fazenda. Eram os três mosqueteiros. Eles e mais dois ou três ministros compunham o extinto núcleo duro do governo, que discutia com Lula os principais passos da administração.