Título: Assessora de tucano sacou da conta de Valério
Autor: Chico Otávio/Rodrigo Lopes
Fonte: O Globo, 13/07/2005, O País, p. 12

Walquíria Rios trabalhava para prefeito de Contagem, que é do PSDB e hoje é assessor de Aécio, quando retirou R$212 mil

BRASÍLIA e BELO HORIZONTE. A lista de responsáveis por saques das contas da SMP&B, entregue pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), exibe o nome de uma ex-funcionária pública ligada ao PSDB mineiro. Walquíria de Oliveira Rios, segundo o documento, sacou R$212 mil da conta da agência de publicidade de Marcos Valério no Banco Rural em 26 de setembro de 2003. Walquíria é irmã da ex-primeira-dama de Contagem Vanessa Lucas, hoje deputada estadual pelo PSDB, e cunhada de Ademir Lucas, ex-deputado federal, ex-prefeito de Contagem e atual assessor político do governador tucano Aécio Neves.

Walquíria trabalhava para Ademir Lucas desde 1998. Ao ser eleito deputado federal naquele ano, Lucas a nomeou para o seu gabinete, como secretária. Foi admitida em 3 de novembro de 1998 e desligada em 1º de janeiro de 2001. No mesmo dia, Walquíria foi contratada pela prefeitura de Contagem, onde permaneceu até o ano passado, quando Ademir perdeu a disputa pela reeleição para o PT. À época do saque, trabalhava para a prefeitura de Contagem.

O nome de Ademir Lucas consta da agenda de telefones de Marcos Valério, entregue pela ex-secretária dele Fernanda Karina Somaggio à CPI.

A SMP&B era a agência que, na gestão de Ademir, cuidava da publicidade da prefeitura de Contagem. O contrato previa repasses de R$1,7 milhão. O Ministério Público de Minas Gerais investiga denúncias de favorecimento entre Marcos Valério e Sandra Rocha, secretária de Comunicação na administração de Ademir e responsável pela administração da maioria das contas publicitárias da cidade. Uma das denúncias do inquérito relata visitas de Valério ao seu gabinete. Lucas foi citado por Marcos Valério em seu depoimento à PF como um dos tucanos com os quais mantinha contato.

Não é a única ligação de Marcos Valério com o tucanato mineiro. Um patrocínio de R$3 milhões, pago por duas estatais mineiras à agência de publicidade SMP&B em 1998, une no mesmo processo, na condição de denunciados, o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), e o publicitário. A denúncia foi feita em dezembro de 2003 pelo então procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, ao Supremo Tribunal Federal (STF).

- Querem desviar o foco com coisas que não têm nada a ver - reagiu Azeredo.

Irritado com a tentativa de vinculação de seu nome ao de Marcos Valério, Azeredo disse que os autores da denúncia confundiram patrocínio, que segundo ele dispensaria licitação, com contrato de publicidade.

Walquíria e Ademir Lucas também não foram localizados. O governador Aécio Neves informou por intermédio de sua assessoria que não vai se manifestar porque o episódio ocorreu na época em que Ademir Lucas era prefeito.

*Especial para O GLOBO