Título: FIRJAN NEGA PAGAMENTO DE PROPINA AO PT
Autor: Chico Otávio/Cláudia Lamego
Fonte: O Globo, 13/07/2005, O País, p. 13

Previdência diz que fiscalizou 767 empresas no Rio

RIO, BRASÍLIA e SALVADOR. Os vice-presidentes da Firjan Carlos Mariani Bittencourt e João Lagoeiro Barbará negaram ontem a existência de caixinha da entidade e pagamento de propina a integrantes do PT para que o INSS não fiscalizasse empresas do estado. Segundo Barbará, o presidente da entidade, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, disse não conhecer pessoalmente o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, citado pela fiscal Maria Auxiliadora como recolhedor do dinheiro, nem o ex-ministro do Trabalho Amir Lando, que teria contado a ela sobre o esquema.

- Não existe caixinha ou relação direta entre a Firjan e o INSS - afirmou Barbará.

A Firjan contratou uma auditoria externa em maio deste ano, quando soube das denúncias por meio do MP, que verificou que não há contrato formal da Firjan com o sindicato controlado por Maria Auxiliadora ou com o INSS. Segundo os dirigentes, a Firjan não tem poder para fiscalizar diretamente as empresas.

O MP Federal negou ontem nota divulgada pela Firjan, em que havia a informação de que procurador Fábio Aragão afirmara não acreditar em vínculos da entidade com o esquema. "Em momento algum o procurador afirmou tal convicção", diz a nota do MP.

Ministério nega relaxamento da fiscalização no Rio

O Ministério da Previdência divulgou nota em que nega ter determinado o relaxamento das fiscalizações no estado. A nota diz que, das 15.050 empresas do país que concentram a maior parte das ações de fiscalização do INSS, 989 estão no Rio e 77,55% delas (ou 767 empresas) foram alvo de ações da previdência nos últimos dez anos.

Segundo o ministério, o número de ações fiscais mostra que o desempenho da fiscalização no Rio "equipara-se, proporcionalmente, ao desempenho da fiscalização no Brasil". Comparando as auditorias realizadas, o ministério diz que os números da superintendência fluminense superam os dados nacionais.

A nota ressalta que toda denúncia recebida pela Secretaria de Receita Previdenciária (SRP), ou por suas representações regionais, será apurada. O ministério diz que a secretaria está à disposição do Ministério Público Federal.

Ministro da Previdência no governo Fernando Henrique, Waldeck Ornélas rechaçou o envolvimento do seu nome num esquema de corrupção no INSS. Em nota, ele disse que iniciou um processo de combate à corrupção, criando a auditoria do INSS com participação da Polícia Federal e do Ministério Público. "A fiscal está presa exatamente graças ao êxito da força-tarefa que criei quando ministro", diz a nota. A fiscal Maria Auxiliadora foi presa.