Título: Outro fiscal diz que ouviu falar em 'caixa da Firjan'
Autor: Chico Otávio/Cláudia Lamego
Fonte: O Globo, 13/07/2005, O País, p. 13

A procurador, ele afirmou ser impedido de vistoriar certas empresas por causa do suposto esquema no Rio

Em depoimento à Justiça, um outro auditor fiscal do INSS disse que já ouviu falar em "caixinha da Firjan", um suposto esquema para livrar empresas do Estado do Rio de fiscalização do INSS em troca de propina e que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal. Convocado como testemunha de defesa da fiscal Maria Auxiliadora de Vasconcelos no processo em que ela responde por fraudes contra a Previdência, ele disse que já ouviu falar em "caixinha da Firjan, mas não tem conhecimento sobre os fatos".

O auditor disse que "ouviu falar" que o pessoal da gerência do Centro tem uma caixinha com a Firjan, mas pode ser uma guerra entre gerências. Escutou que a Firjan gostaria que determinados fiscais ficassem no Rio, que havia interesse que algumas gerências fossem ocupadas por alguns fiscais e que a Firjan tinha ingerência na escolha de cargos a serem ocupados nesses postos, mas que desconhece a história de que empresas não seriam fiscalizadas por causa da existência da caixinha.

Já em conversa informal com o procurador da República que investiga o caso, Fábio Aragão, o auditor confirmou que era impedido de fiscalizar certas empresas por causa desse suposto esquema. O auditor será interrogado oficialmente por Aragão, que pretende ouvir ainda a fiscal Maria Auxiliadora.

- Ele disse estar sendo perseguido. Disse também que outros auditores estão sendo pressionados e que uma fiscal teria até tentado o suicídio - afirmou Aragão.

Mais dois fiscais confirmaram o esquema

O procurador intimou Maria Auxiliadora para depor na última sexta-feira, mas ela alegou estar doente e ainda não marcou nova data. Naquele dia, Aragão interrogou os fiscais Francisco José dos Santos Alves, preso em fevereiro na operação Ajuste Fiscal e integrante do Sindicato dos Servidores da Linha de Arrecadação do INSS no Rio, e sua mulher Maria Teresa Alves, a quem Maria Auxiliadora revela o esquema em telefonema gravado pela Polícia Federal e divulgado anteontem no "Jornal Nacional". Os dois confirmaram a existência do esquema.

Na fita, Maria Auxiliadora diz que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares recolhia dinheiro da "caixinha da Firjan" e que o ex-ministro José Dirceu era responsável pelas nomeações no INSS para proteger o dinheiro que entrava.

O procurador pediu a auditores do INSS para fazer um levantamento sobre dados contábeis e fiscalização das maiores empresas do Rio desde 2000.

O deputado Roberto Jefferson se ofereceu para depor no Ministério Público ainda essa semana sobre o caso.

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