Título: Telemar: aporte na Gamecorp é irrelevante
Autor: Flávia Oliveira/Mirelle de França
Fonte: O Globo, 14/07/2005, O País, p. 10

Empresa informou à CVM que ata sobre sociedade com filho de Lula foi arquivada por conter dados estratégicos

A Telemar enviou, no fim da tarde de ontem, ofício à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no qual explica o motivo de não ter informado à autarquia o investimento de R$5 milhões na Gamecorp, empresa que tem como sócio Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente Lula. Segundo a companhia, a ata 250 da assembléia do Conselho de Administração do dia 26 de janeiro de 2005 - na qual foi decidida a conversão em ações dos R$2,5 milhões em debêntures da Gamecorp - ficou arquivada exclusivamente na sede da Telemar "por conter informações e dados de cunho operacional e estratégico". Em seguida, afirma que o valor da operação é "absolutamente irrelevante" em relação a seu faturamento.

A CVM, na véspera, dera prazo de 24 horas à Telemar para o envio de informações sobre a sociedade com a Gamecorp. Na resposta enviada à CVM, a Telemar também explica que, no mesmo 26 de janeiro, realizou uma segunda assembléia, a de número 251. Esta, sim, teve a ata enviada à CVM, porque deliberava sobre um programa de recompra de ações da companhia. Para a Telemar, tudo ocorreu em conformidade com a legislação.

A CVM informou que o esclarecimento da Telemar será analisado pela área técnica da autarquia. Ainda não há previsão sobre quando a CVM vai se pronunciar em relação ao caso.

Duas empresas do grupo Trevisan, a Trevisan Auditores Independentes e a Trevisan Consultores de Empresas Ltda., também enviaram à CVM explicações sobre a sociedade entre a maior operadora de telefonia do país e o filho do presidente da República. Na nota, o grupo explica que seu relacionamento com as empresas de Fábio Luís Lula da Silva começou em abril de 2004, quando a Trevisan Consultores foi contratada para elaborar o plano de negócios da empresa G4 Brasil, criada em dezembro do ano anterior.

O plano foi elaborado, mas não teria interessado à G4 Media, companhia americana que cedera o uso da marca G4 à brasileira, mas não se interessou em investir na licenciada. Em junho, a Trevisan iniciou contatos com potenciais investidores e fundos de investimento privados para o negócio.

Em agosto, continua a Trevisan, a Brasil Telecom manifestou interesse em investir numa operadora de um canal de TV voltada ao público jovem. Um mês depois, foi a vez de a Telemar encaminhar a proposta, que foi escolhida, diz a consultoria, por decisão exclusiva da G4 e da ED. As duas empresas tornaram se sócias da BR4, donas da Gamecorp com a Telemar. A Trevisan afirma que sua participação na operação "não tem nada de ilícito" e informa que toda a documentação relativa ao negócio está à disposição da autarquia.

COLABOROU:Vagner Ricardo