Título: TARSO DEFENDE TRANSIÇÃO NO MODELO ECONÔMICO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 14/07/2005, O País, p. 8

'Não significa romper. Significa projetar para o futuro', explica o novo presidente do PT

PARIS e SÃO PAULO. O novo presidente do PT, Tarso Genro, defendeu ontem em Paris um novo modelo de desenvolvimento para o país. Mas avisou: esta transição tem que ser feita "sem ruptura". Isto é, sem romper completamente com a política econômica do governo Lula.

- Vamos trabalhar pegando a rigidez macroeconômica. E, a partir disso, vamos projetar para o futuro, vamos para trabalhar para outro modelo de desenvolvimento. Não significa romper. Significa projetar para o futuro - disse Tarso.

"Mudança de modelo é questão em aberto"

Em várias ocasiões, antes de assumir a presidência do partido, Tarso defendeu a transição da atual política econômica para uma política que volte às raízes das propostas do PT tradicional. Quando um jornalista quis saber se esta nova relação que o PT busca com o governo pressupõe defender uma nova política econômica, ele disse:

- A questão da transição, promover um desenvolvimento que gere distribuição social e combate à desigualdade, ainda é uma questão em aberto. Defendo esta posição, sempre defendi e vou continuar defendendo.

Tarso disse que vai reformar o PT. E não excluiu fazer uma auditoria nas contas e contratos do partido, se, na reforma, surgirem "dúvidas":

- Não é improvável ter que fazer uma auditoria, se tiver alguma dúvida - afirmou.

O primeiro passo da reforma do PT, segundo ele, será "estabelecer uma relação nova entre as diversas posições internas do partido". Tarso, que é o Campo Majoritário - a ala que detém mais de 50% dos votos da Executiva Nacional do PT - quer dar mais espaço para os minoritários.

Genoino nega valor da dívida do PT

O segundo passo, continuou, é criar "fortes mecanismos internos de controle".

- Controle não somente nas relações financeiras que a Executiva estabelece, como também vamos estabelecer um controle dos contatos para refinanciar a dívida. Os contratos que estabelecemos durante este tempo, que, ao que tudo indica, não tinham o rigor que tinham que ter um partido político da responsabilidade do PT.

O ex-presidente do PT José Genoino negou ontem que a dívida do PT nacional seja de R$76 milhões.

- Temos uma dívida de R$20 milhões, registrada nacionalmente. Os cálculos (que chegam a R$76 milhões) devem ter somado as dívidas dos estados.