Título: LULA PEDE LIBERAÇÃO DE RECURSOS PARA O HAITI
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Fonte: O Globo, 14/07/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 32

Presidente defende também ajuda econômica à África e ampliação do Conselho de Segurança da ONU

PARIS. Em discurso na Universidade de Sorbonne, em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conclamou a comunidade internacional a liberar imediatamente os recursos prometidos ao Haiti para evitar o fracasso da missão de paz da ONU naquele país, comandada pelo Brasil.

Em julho de 2004 foi criado o Fundo Internacional para a Reconstrução do Haiti, com a estimativa de arrecadar US$1 bilhão de países doadores, mas até agora apenas cerca de US$100 milhões estão disponíveis, sem nada liberado ainda.

Num tom extremamente veemente após uma pergunta de um professor sobre se a corrupção ou a desigualdade social ameaçam mais a democracia, Lula disse que é preciso dar condições ao povo haitiano de reencontrar a esperança.

- Não haverá presidente eleito que consiga consolidar o processo democrático no Haiti se junto com a eleição não houver ajuda internacional para garantir àquele povo o direito de se desenvolver - disse o presidente.

Lula: "Todos têm direito de ser atores"

O presidente acabou incluindo a África em seu apelo, além de defender a ampliação do Conselho de Segurança da ONU, em que o Brasil aspira a uma vaga permanente.

- Ser democrata é acreditar que todos têm direito de ser atores. E que nem sempre a razão do mais forte é a mais forte das razões - afirmou ele.

O assessor de Assuntos Internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, afirmou, num debate no jornal "Le Monde", que a ajuda internacional ao Haiti deve ser apressada.

- Não se pode exigir que o Haiti cumpra os prazos normais para a aprovação de projetos sem esses recursos. Num país com 80% de desempregados, é possível imaginar como se apresenta a situação e como é difícil pedir calma à população - justificou o assessor, que na semana passada dissera que Lula deveria usar seu prestígio internacional para tentar acelerar o envio de assistência ao Haiti.

Segundo ele, se a operação de paz da ONU no Haiti fracassar, a América Latina será responsabilizada por não ter conseguido dar solução ao conflito.