Título: CRISE POLÍTICA TRAVA A AGENDA ECONÔMICA
Autor: Aguinaldo Novo
Fonte: O Globo, 14/07/2005, Economia, p. 27

Lula convoca Palocci, Dilma e Wagner

BRASÍLIA. Paralisada em diversas frentes, a agenda econômica tem sido prejudicada por fatores que abrangem a crise política, lentidão da máquina pública e divergências internas. Não se vota praticamente nada no Congresso, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) não saem do papel e matérias de interesse do Executivo, como as reformas tributária e sindical, estão encostadas nas comissões.

Diante da demanda do setor produtivo e do pouco tempo que resta para as medidas deslancharem (2006 é ano eleitoral), o presidente Lula marcou reunião, na próxima segunda-feira, com os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, Dilma Rousseff, e da Coordenação Política, Jacques Wagner. O objetivo é fixar prioridades para o segundo semestre de 2005.

- Não deixamos de lado a agenda do desenvolvimento e temos redobrado a atenção em projetos importantes, como microcrédito e ampliação do número de membros do Conselho Monetário Nacional - disse Wagner, que também é secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Os projetos da Pré-empresa e da Lei Geral de Microempresas, porém, estão parados. E o governo assiste, preocupado, à tramitação da MP do Bem, medida provisória que permite desonerar investimentos em bens de capital, que já recebeu dezenas de emendas. Mas para Wagner, por enquanto a crise não afetou a economia:

- Mesmo com a turbulência em função das denúncias, a economia brasileira dá sinais de fôlego.

Passada a euforia com a aprovação do projeto das PPPs no Congresso, o setor privado vive, hoje, fase de desencanto. A medida não foi regulamentada e não há definição de ativos do Fundo Garantidor. Também não se sabe como será o formato do Conselho Gestor.

- O desempenho em infra-estrutura é muito reduzido. De R$6,1 bilhões orçados este ano para transportes, só saíram R$95 milhões. A demora nas PPPs é agravante. Nem os projetos foram selecionados - queixou-se o vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria, José de Freitas Mascarenhas.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), vê como prioridades o projeto de lei das agências reguladoras e as reformas política, tributária, sindical e do Judiciário. Ele defende corte significativo dos juros neste semestre.

- A espinha dorsal da inflação foi quebrada. Chegamos a ter deflação do IPCA, grande safra no mundo que reduziu preços internos e agora não haverá maiores impactos do reajuste de tarifas. Também temos exportações surpreendentes.