Título: WAGNER BUSCA APOIO NO CONGRESSO
Autor: Luiza Damé e Ciça Guedes
Fonte: O Globo, 14/07/2005, O País, p. 12

Ministro nega a possibilidade de Lula desistir da reeleição

BRASÍLIA. O ministro Jaques Wagner não esperou a posse como coordenador político do governo para começar a trabalhar e fez ontem a primeira visita aos presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Wagner afirmou que pedirá ao Congresso uma chance e prometeu empenho para que o governo cumpra os acordos.

- Nesta Casa vale o fio do bigode. Compromisso assumido é o cumprido. Vamos tentar não olhar para o passado. Vou pedir ao Congresso um voto de confiança pelos 12 anos em que estive aqui - disse Wagner.

Com a nomeação de Wagner, o presidente tenta um novo modelo de coordenação política, em que terão peso os ex-ministros mandados de volta à Câmara para reforçar a base, como Eunício Oliveira (PMDB-CE), Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Eduardo Campos (PSB-PE), além do petista Ricardo Berzoini (SP).

O grupo não quer o rótulo de tropa-de-choque. Segundo Eunício, o objetivo é ajudar o governo a dialogar com o Congresso num momento de crise:

- Sou conciliador por natureza e vou buscar o diálogo.

Wagner admitiu as dificuldades do momento político e defendeu que as CPIs instaladas apurem os fatos.

Ele negou a possibilidade de Lula desistir da reeleição e disse nunca ter ouvido essa especulação no governo. Também rejeitou mudanças na legislação que levem ao fim da reeleição. Na reunião ministerial de anteontem, Lula reagiu às sugestões para que não concorra a um segundo mandato. Segundo participantes, o presidente disse que nunca foi favorável à reeleição, mas não aceitará pressões, especialmente da oposição.

- O Congresso pode mudar a regra. Mas tem maturidade para não tentar o casuísmo de mudar a regra do jogo que está sendo jogado - defendeu Wagner.

Legenda da foto: SEVERINO COM WAGNER: "Vou pedir ao Congresso voto de confiança"