Título: 'ISSO É MESMO ESQUISITO'
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 14/07/2005, O País, p. 4

BRASÍLIA. O ex-diretor dos Correios João Henrique Souza tentou, em seu depoimento ontem na CPI dos Correios, negar responsabilidade na assinatura de aditivos milionários em contratos que beneficiaram as empresas SMP&B e Skymaster, que opera o correio aéreo noturno. Mas, confrontado com as cópias dos aditivos que ele mesmo assinou, reajustando em R$18 milhões um contrato de publicidade da SMP&B por apenas 23 dias no fim do ano passado, acabou admitindo que tinha ali alguma coisa esquisita que precisa ser explicada.

João Henrique disse que no caso do aditivo do contrato de publicidade da SMP&B , que pulou de R$72 milhões para R$90 milhões, pode ter sido induzido a erro pelos assessores. Ele disse que o chefe do Departamento de Marketing, José Otaviano Pereira, foi quem lhe levou os contratos.

- Isso é mesmo esquisito e precisa ser visto. Tenho a sensação que essa assinatura era para a prorrogação do contrato por mais um ano - disse.

No caso da Skymaster, ele não soube explicar porque o contrato, reduzido de R$9,4 milhões para R$4,5 milhões na gestão do antecessor Airton Dipp, foi para R$9,8 milhões em outra licitação.

- Talvez porque o número de linhas e percursos foram aumentados, não sei... - respondeu.

Pela manhã, Airton Dipp, que presidiu os Correios nos primeiros 11 meses do governo Lula, disse que, dos cinco membros que integraram a comissão de licitação que escolheu a agência de publicidade SMP&B, três foram indicados pela Secretaria de Comunicação. Os outros dois foram nomeados por ele.

Em nota, a Secom disse que aprova os editais, "verificando se os mesmos estão em conformidade com as normas, sendo que essa competência é por ela exercida desde pelo menos a edição do Decreto nº 3256/1999" e que "a Comissão de Julgamento teve a participação de três funcionários de carreira dos Correios e dois representantes dos quadros da Secom".