Título: Serraglio afirma que depoimento de Gushiken à CPI 'seria esclarecedor'
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 14/07/2005, O País, p. 4
'Nossa tarefa é investigar as licitações que envolviam estatais', diz deputado
BRASÍLIA. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem que "seria esclarecedor" um depoimento do chefe da Secretaria de Comunicação do Governo, Luiz Gushiken, aos parlamentares que investigam um suposto esquema de corrupção nas estatais. Gushiken foi citado pelo deputado Roberto Jefferson e pelo ex-diretor dos Correios, Maurício Marinho, como integrante de um suposto esquema de favorecimento de empresas ligadas à base aliada do governo, nas concorrências públicas.
- Temos informação de que nada acontecia nas estatais sem homologação da Secretaria de Comunicação. Por isso a vinda de Luiz Gushiken seria importante - disse Serraglio.
CPI decide hoje quebra de sigilos de petistas
A secretaria de Gushiken perdeu ontem o status de ministério e passou a ser subordinada à Casa Civil da Presidência da República. Segundo Serraglio, com a nova CPI do Mensalão as suspeitas de que deputados da base aliada do governo recebiam uma mesada paga pelo PT não tem mais motivo para ser investigada pela CPI dos Correios.
- Nossa tarefa é investigar as licitações que envolviam estatais e descobrir como o dinheiro do governo chegava às empresas privadas - disse.
Em uma sessão deliberativa hoje pela manhã, a CPI dos Correios vai decidir a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do PT e de seus antigos dirigentes: José Genoino, Delúbio Soares, Silvio Pereira e do deputado José Dirceu. Os depoimentos de Delúbio e Silvinho também devem ser marcados para a próxima semana. Hoje o presidente Delcidio Amaral (PT-MS) e o relator Osmar Serraglio devem fazer uma diligência ao Banco Central para buscar documentos requisitados e não enviados.
MP começa investigação sobre Glênio
Procurador da Fazenda afastado recebeu R$902 mil de Marcos Valério
BRASÍLIA. O Ministério Público Federal em Brasília abriu ontem um procedimento administrativo para investigar as denúncias de crime de corrupção e de ato de improbidade administrativa contra Glênio Guedes, procurador da Fazenda Nacional. Ligado ao publicitário Marcos Valério, Guedes já foi afastado de suas funções na Procuradoria.
Além de ter a conta de seu telefone celular, passagens aéreas e hotéis custeados por Valério, Guedes recebeu pelo menos R$902 mil de uma das contas do publicitário, de acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPI dos Correios e à Procuradoria Geral da República.
Guedes já estava sendo investigado pela PF junto com Antonio Carlos Vieira, ex-funcionário do Banco Central em Belo Horizonte ligado a Valério.
No Rio, o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, informou que será criada uma força-tarefa envolvendo membros dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e da Secretaria de Segurança do Rio para investigar crimes de improbidade administrativa ocorridos dentro do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). As investigações envolvem a relação do IRB com três seguradoras, entre elas a Assurê.
Segundo Marfan, a criação da força-tarefa foi decidida depois que o Ministério Público Federal propôs uma parceria nas investigações. A Secretaria de Segurança investigará a parte criminal das supostas irregularidades no IRB. A investigação será realizada pela Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado. O delegado Milton Olivier começará a tomar na próxima quarta-feira o depoimento de 12 pessoas já intimadas.
Legenda da foto: O SECRETÁRIO LUIZ Gushiken: novo alvo de investigação da CPI