Título: Pizzolato deixa diretoria do BB e pede aposentadoria
Autor: Enio Vieira e Geralda Doca
Fonte: O Globo, 15/07/2005, O País, p. 5

Motivo foi desgaste por causa de relações com Valério

BRASÍLIA. Antecipando-se à decisão já tomada pelo governo de substituí-lo na diretoria de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato apresentou ontem seu pedido de aposentadoria. A saída de Pizzolato do cargo já era dada como certa desde a semana passada, como revelou O GLOBO.

A permanência do diretor, que já havia se desgastado no episódio de patrocínio de um show para arrecadar recursos com o PT, quando atuou em parceria com Delúbio Soares, se tornou complicada com a divulgação de suas relações com o publicitário Marcos Valério, apontado como operador do suposto esquema do mensalão.

Substituto será responsável por publicidade do banco

O substituto de Henrique Pizzolato, que responderá pelos contratos de publicidade da instituição, será anunciado hoje pelo BB. Esta foi a primeira saída ligada às denúncias do mensalão. Efetivado no cargo há dois meses, o presidente do Banco do Brasil, Rossano Maranhão Pinto, mexeu em sua equipe na semana passada quando trocou os vice-presidentes de Varejo, Edson Monteiro, e de Finanças, Luiz Eduardo de Abreu. Segundo a assessoria do BB, as alterações foram por motivos técnicos para se adequar ao perfil da atual administração.

Outras mudanças deverão acontecer na próxima semana, como no comando do Banco Popular do Brasil, que opera com microcrédito. O presidente da subsidiária, o petista Geraldo Magela, vai aguardar até terça-feira a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre sua situação. Magela já confirmou que será candidato ao governo do Distrito Federal em 2006, critério usado por Lula para as substituições na equipe. Ele espera conversar com Lula ainda no fim de semana.

O Banco Popular é o braço do BB direcionado ao financiamento para a população de baixa renda. Geraldo Magela está há três meses à frente da instituição. Ele substituiu Ivan Guimarães, que deixou o cargo após grande desgaste por críticas com altos gastos com publicidade e por estar ligado ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Também deve perder o cargo nos próximos dias o vice-presidente de Tecnologia, José Luiz Cerqueira Cesar, o Mexerica, indicação de setores do PT ligados ao Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Pizzolato teve passagem turbulenta pelo BB no governo Lula. Ano passado, a instituição patrocinou um show da dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano que arrecadou recursos para construção da nova sede do PT, idéia que acabou sendo abortada. O patrocínio de R$40 mil foi usado para compra de ingressos distribuídos como brinde a clientes do banco. O dinheiro foi devolvido com a divulgação das denúncias, mas a imagem de Pizzolato ficou abalada. O ex-diretor de Marketing teve outra fase de polêmicas, quando foi conselheiro da Previ eleito pelos funcionários no governo Fernando Henrique Cardoso.

Pizzolato é do Conselho Deliberativo da Previ

Segundo a assessoria do BB, Pizzolato tinha 31 anos de banco. Ainda não foi decidido se ele continuará na presidência do Conselho Deliberativo da Previ, fundo de pensão dos funcionários do BB, que administra um patrimônio de R$72 bilhões.