Título: ISRAEL PROMETE RETALIAÇÃO ILIMITADA APÓS MORTE DE FILHA DE BRASILEIRO
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Fonte: O Globo, 16/07/2005, O Mundo/Ciencia e Vida, p. 30

Exército retoma política de assassinato seletivo e mata 6 membros do Hamas

JERUSALÉM. Israel retomou ontem sua política de assassinatos seletivos matando seis integrantes do Hamas, um dia depois de o grupo lançar um ataque com um foguete, a partir da Faixa de Gaza, que matou uma israelense filha de brasileiro. O Hamas reagiu, dizendo que os ataques aéreos em Gaza e Cisjordânia "abriram as portas do inferno", enquanto se deteriorava rapidamente a frágil trégua iniciada há cinco meses.

No mesmo dia, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, prometeu revidar de forma ilimitada os ataques da Jihad Islâmica, que matou cinco israelenses esta semana em atentados suicidas. Sharon disse que o contra-ataque será uma forma de garantir a retirada israelense da Faixa de Gaza.

- A retirada não pode acontecer sob fogo - disse Sharon à TV israelense. - Daremos todos os passos contra a Jihad Islâmica sem qualquer limitação. A resposta aos atos terroristas será forte e severa.

Na madrugada de hoje, Israel retomou a ofensiva, lançando mísseis contra alvos na Cidade de Gaza e em Khan Yunes.

A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, anunciou que vai visitar a região na próxima semana, em meio a apelos aos dois lados para restaurarem a calma. Será sua terceira viagem à região desde que assumiu o cargo.

Para Hamas, ofensiva rompeu o cessar-fogo

Num ciclo de violência que parece não ter fim, nos últimos dias grupos armados palestinos atacaram israelenses com foguetes e morteiros dentro e próximo à Faixa de Gaza, em resposta à morte de militantes por forças israelenses.

Ontem, um ataque aéreo israelense matou três integrantes do Hamas na Cisjordânia. Um segundo ataque matou quatro membros num carro em Gaza. O Hamas disse que considerava romper a trégua, enquanto o ministro do Interior palestino, Nasser Yousef, afirmava que o governo palestino iria fazer o possível para tentar salvar o cessar-fogo.

- Com estes ataques, o inimigo sionista abriu as portas do inferno, ao fazer explodir o cessar-fogo - disse o porta-voz do Hamas, Mushir el-Masri.

A sexta-feira marcou um dos dias mais tensos dos últimos meses. À noite, Sharon declarou ter dado ordens ao Exército para adotar todas as medidas necessárias "contra organizações terroristas palestinas". O novo acirramento da violência pode complicar o plano de Sharon de retirada da Faixa de Gaza, previsto para meados de agosto.