Título: Banco do Brasil rescinde contrato com a DNA
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 16/07/2005, O País, p. 10

Documento previa rompimento em caso de dano à imagem. Câmara também decide não usar serviços da SMP&B

BRASÍLIA. O Banco do Brasil rescindiu ontem o contrato com a agência de publicidade DNA, do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, para evitar danos à imagem da instituição. O contrato com a DNA tinha validade até setembro deste ano. Valério é acusado de ser o operador do suposto esquema do mensalão.

A rescisão foi feita com base na Lei 8.666, das Licitações, e no contrato do BB com as agências, não havendo multa pelo rompimento. Está prevista a suspensão de serviços quando uma das partes alegar prejuízo a sua imagem.

O contrato com a DNA era anual e foi assinado em setembro de 2003, sendo dividido com outras duas agências, a D+ e a Ogilvy. Houve uma renovação contratual em 2004. As duas empresas passam agora a dividir sozinhas os serviços de marketing do banco. Nos últimos dias, a direção do BB avaliou os efeitos das informações divulgadas contra Marcos Valério que faziam referências ao contrato da DNA com a instituição.

Desde 5 de julho último, o banco já havia suspendido novas decisões de marketing para fazer uma verificação interna de contratos e trabalhos realizados pelas agências de publicidade.

BB: gasto de R$262 milhões com marketing em 2004

O Banco do Brasil tem orçamento de R$140 milhões para 2005 a ser gasto com as agências de publicidade, que inclui desde propaganda à promoção de eventos. Não há parcela definida a ser dividida entre elas. Pelo contrato, nenhuma das agências pode receber isoladamente mais de 50% do valor do orçamento de marketing, tampouco pode ficar com menos de 15% dos recursos. As despesas do BB nesta área atingiram R$262 milhões em 2004. No ano anterior, os gastos foram de R$153 milhões, divididos entre todas as agências.

Marcos Valério terá prejuízo também com seu contrato com a Câmara dos Deputados. A Mesa Diretora oficializou anteontem a decisão de não utilizar os serviços da empresa de publicidade SMP&B, da qual ele é sócio. O contrato não será cancelado para evitar multa. Contratada pelo ex-presidente João Paulo Cunha (PT-SP), os gastos com publicidade com a empresa estavam orçados em até R$21 milhões. Na gestão de João Paulo foram gastos cerca de R$10,5 milhões. Na gestão Severino foram gastos apenas R$52 mil com a SMP&B. O presidente argumentou que a Câmara já tem meios de comunicação capazes de divulgar sua imagem.

A suspensão do contrato com a DNA de Marcos Valério foi a segunda decisão na área de marketing e comunicação do BB na última semana em decorrência do escândalo do mensalão. Anteontem, o diretor Henrique Pizzolato entrou com pedido de aposentadoria no banco. Ontem o BB anunciou o nome de um diretor interino, Paulo Rogério Caffarelli, atualmente na diretoria de logística.