Título: PAÍSES TENTAM SALVAR CANDIDATURA NA ONU
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 18/07/2005, O Mundo, p. 22

G-4 e União Africana se reúnem em busca de consenso nas propostas de acesso ao Conselho de Segurança

NOVA YORK. Começou a corrida contra o tempo para salvar a candidatura de Brasil, Índia, Japão, Alemanha e dois países africanos - ainda não escolhidos - a membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Depois de um encontro de quatro horas ontem em Nova York, ministros das Relações Exteriores do G-4 e da União Africana criaram um mecanismo de consultas com prazo de uma semana para harmonizar suas propostas de ampliação do mais importante fórum da ONU.

Eles também marcaram um encontro ministerial para segunda-feira, dia 25, quando será feito um acordo ou se desistirá de levar à votação na Assembléia Geral a proposta de resolução que cria seis vagas permanentes no Conselho.

Todos saíram da reunião com declarações otimistas. "Existem mais similaridades do que diferenças entre as duas propostas", disseram os dois grupos em comunicado.

Duas propostas quediferem em dois pontos

A mesma declaração foi repetida pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, pelo da Alemanha, Joschka Fischer, e pelo da Nigéria, Olu Adeniji.

As propostas do G-4 e da União Africana diferem em dois pontos: os africanos querem dar o poder de veto aos novos membros do conselho - atualmente só nas mãos de China, EUA, França, Reino Unido e Rússia - e reivindicam cinco vagas não permanentes, em vez das quatro sugeridas pelo outro grupo. O G-4 acha que essas duas reivindicações - principalmente o poder de veto - não teriam apoio na Assembléia Geral.

- É muito claro para o G-4 que sem a União Africana não haverá resolução. Não posso falar pela União Africana, mas acredito que essa mesma crença existe entre eles também - disse Amorim.

Bombardeada pelos EUA e minada por rivalidades regionais, a proposta do G-4 só tem chances de conseguir os 128 votos necessários para ser aprovada se tiver o apoio dos 53 membros da União Africana, que formalizaram seu projeto semana passada. Ontem, foi o primeiro encontro dos dois grupos.

- Foi uma reunião positiva na qual pudemos discutir eventuais diferenças e conversamos amplamente sobre a questão do veto - disse Amorim.

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