Título: Integrantes da CPI já chamam o esquema de `Operação Paraguai¿
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 19/07/2005, O País, p. 4

Para PSDB e PFL, houve uso da máquina pública para beneficiar o PT

BRASÍLIA. A oposição classificou de favorecimento e fruto de uma relação espúria a revelação de que o empresário Marcos Valério Fernandes, acusado de ser o operador do mensalão, usou dinheiro que receberia dos Correios, da Eletronorte e de outras estatais para garantir empréstimos bancários de mais de R$50 milhões para o PT. Para tucanos e pefelistas, a operação caracteriza o uso da máquina pública para beneficiar o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A oposição já chama o esquema montado pelo PT de Operação Paraguai, numa referência à Operação Uruguai do governo Collor.

¿ Vamos analisar cada contrato. Houve uma confusão entre público e privado, pois se o empréstimo não fosse pago, o dinheiro público é que cobriria a dívida ¿ afirmou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).

O tucano considerou mal contada a versão de Valério de que pegava empréstimos para repassar o dinheiro ao PT. Para Fruet, as operações que envolveram os Correios e outras estatais são imorais.

O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) classificou a relação entre o governo, Valério e o PT de espúria. Ele disse que a mulher do publicitário, Renilda Maria, deveria ser ouvida na quinta-feira na CPI dos Correios, antes da nova convocação de Valério. Renilda aparece como sócia de empresas que não estão no nome do publicitário.

¿ Isso confirma a associação espúria entre o governo, Marcos Valério e o PT. Prefiro ouvir Renilda antes. Minha esperança é que ela possa revelar fatos que eles têm se recusado a revelar ¿ afirmou o senador.

¿ Essa garantia desmonta a Operação Paraguai. Fica clara a triangulação entre Valério, os Correios e o PT. E os Correios tinham conhecimento. A operação caracteriza um favorecimento à SMP&B e joga no colo do governo a responsabilidade por essa relação entre os amigos Delúbio Soares (ex-tesoureiro do PT) e Valério ¿ completou o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).

Para o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), a operação mostra que houve uso de dinheiro público:

¿ Ele (Valério) ganha o contrato, que é instrumento para aumentar a sua capacidade de financiamento e conseguir um dinheiro que vai para o PT. É uso da máquina pública para beneficiar o partido.