Título: A TERCEIRA VERSÃO PARA DINHEIRO NA CUECA
Autor:
Fonte: O Globo, 19/07/2005, O País, p. 8

Ex-petista agora diz que pegou a quantia com amigo para abrir pousada

FORTALEZA. O ex-secretário-geral de Organização do PT do Ceará José Adalberto Vieira da Silva, que desembarcou em Fortaleza no domingo, deu ontem a terceira versão para a origem do dinheiro que transportava ao ser preso há 11 dias em São Paulo. Agora ele contou que pegou os R$200 mil e os US$100 mil que levava na cueca com um amigo paulista, empresário, cujo nome não revelou, para abrir uma pousada na cidade litorânea de Aracati, no Ceará.

Ao ser preso, Adalberto disse à PF que era agricultor e que conseguira o dinheiro com a venda de legumes. Depois, contou que o destinatário seria um comerciante e advogado de Aracati, João Moura.

¿ Não menti para a polícia. Omiti um fato aguardando conversar com meus advogados.

Adalberto afirmou que não há ligação entre o dinheiro e o PT e assumiu a responsabilidade sobre a transação. Negou ter feito o papel de ¿mula¿ do partido. Disse que decidiu levar o dinheiro na mala e preso ao corpo por segurança, mas negou que estivesse na cueca:

¿ Essa história fica por conta da PF. O dinheiro estava na cintura ¿ disse.

José Adalberto disse que está abalado, mas que não se envergonha do que aconteceu.

¿ Não há dinheiro ilícito: nem do narcotráfico nem de órgãos públicos¿ afirmou.

Ele disse que vai brigar na Justiça para reaver o dinheiro, que ficou apreendido.

Ex-assessor parlamentar do deputado estadual José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente do PT José Genoino, Adalberto disse que o amigo que lhe fez o empréstimo não é filiado a qualquer partido.

A mulher de Adalberto, Raimunda Lúcia Pessoa de Lima, disse ontem no Ministério Público Federal que desconhecia a origem e o destino do dinheiro e que não sabia da viagem do marido a São Paulo. Desde a prisão, só se falaram quando ele retornou de viagem, no domingo. O casal, segundo ela, fez um pacto para não tocar no assunto.

Raimunda confirmou que é sócia de uma locadora com José Vicente Ferreira, outro assessor do deputado José Guimarães, que deu o cheque com o qual Adalberto pagou parte da passagem. Mas disse que o dinheiro para que o negócio fosse instalado (ele existe apenas no papel) de fato seria conseguido em um empréstimo bancário.

Ex-assessor de deputado também dá nova versão

Adalberto insistiu que as as pessoas envolvidas no caso são inocentes, entre elas, o deputado José Guimarães e o advogado Kennedy Moura Ramos, que chegou a ser apontado como o dono do dinheiro e acabou exonerado do cargo de assessor especial da presidência do Banco do Nordeste. Adalberto pediu desfiliação do PT, o que suspende a investigação aberta contra ele pela comissão de ética.

José Vicente Ferreira, que trabalhava para José Guimarães, negou ontem ter dito que o dinheiro que Adalberto transportava ao ser preso era do advogado Kennedy Moura.

¿ Quando me referi ao dinheiro não é o que foi pego com o Adalberto. Era o dinheiro para as instalações (da locadora) ¿ afirmou José Vicente.