Título: PF PODE PEDIR A PRISÃO PREVENTIVA DE VALÉRIO
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 19/07/2005, O País, p. 10

Agentes monitoram empresário e Delúbio

BRASÍLIA. A Polícia Federal apertou o cerco e deverá pedir, nos próximos dias, a prisão preventiva de Marcos Valério, caso se confirme o envolvimento do empresário na destruição de provas sobre o suposto mensalão. Semana passada, a Polícia Civil de Minas apreendeu papéis da DNA, uma das agências de publicidade de Valério, parcialmente queimados. Entre os documentos havia notas fiscais de transações da empresa com Banco do Brasil, Ministério do Trabalho, Eletronorte e Telemig Celular.

Valério e o tesoureiro licenciado do PT Delúbio Soares estão sendo monitorados pela Polícia Federal para que não fujam do país. Não há impedimento legal para que viajem ao exterior, mas a PF prefere evitar surpresas.

Valério e Delúbio deverão ser reconvocados para depor ainda esta semana na Polícia Federal, em Brasília. O delegado Luiz Flávio Zampronha, encarregado de investigar o mensalão, pretende interrogá-los sobre a suposta existência de um caixa dois para campanhas eleitorais do PT.

Em depoimento ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, na semana passada, Valério disse ter feito empréstimos bancários para o PT. Delúbio afirmou que os R$40 milhões foram usados para bancar campanhas de petistas e de políticos de partidos aliados. A PF desconfia da veracidade da versão, batizada pela oposição de Operação Paraguai.

¿ Estão tentando justificar a origem do dinheiro. Mas estamos atentos. Não vamos engolir qualquer história ¿ disse um dos responsáveis pela investigação.

A PF vai intensificar a investigação sobre as relações de dirigentes do Banco Rural com Valério e quer os nomes de todas as pessoas que fizeram saques expressivos em contas de empresas do publicitário na instituição, apontada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), como um dos bancos usados para o pagamento do mensalão. A PF também vai intimar para depor o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que teria recebido R$326 mil da DNA.