Título: Caem dois dirigentes do BB ligados a Pizzolato
Autor: Geralda Doca e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 19/07/2005, O País, p. 11

Contínuo confessou ter sacado R$326 mil de conta de Marcos Valério e entregado a ex-diretor de Marketing

BRASÍLIA. A crise provocada pelo envolvimento do ex-diretor de Marketing Henrique Pizzolato no escândalo de corrupção na estatal provocou ontem novas baixas no Banco do Brasil. O Ministério Público, a CPI dos Correios e a Polícia Federal investigam um saque de R$326 mil de um ex-auxiliar de Pizzolato nas contas da empresa DNA, do publicitário Marcos Valério, no ano passado. Numa reunião extraordinária ontem, o banco decidiu afastar mais dois dirigentes ligados a Pizzolato: o presidente da BB Veículos, Antonio Batista Brito, e o gerente do CCBB no Rio, Josenilton Rodrigues.

Pizzolato pediu aposentadoria na semana passada. As investigações indicam que Antonio Carlos Brito teria ficado com parte do dinheiro que Pizzolato recebeu de Valério, no início do ano passado. Na última sexta-feira, ele e Andrade pressionaram o contínuo da Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) Luiz Eduardo Ferreira da Silva, o Duda, a aceitar a responsabilidade pelo pacote de dinheiro.

Foi Duda que, na época, retirou os valores (R$326 mil) numa agência do Banco Rural no Rio e o entregou a Pizzolato. Os dois funcionários teriam levado Duda até a casa de Pizzolato para tentar persuadi-lo.

A direção do BB decidiu também abrir dois processos administrativos para apurar os indícios de irregularidades e se houve descumprimento das normas de conduta do banco e do código de ética. Brito e Andrade também terão que esclarecer a participação deles no episódio. Os dois foram indicados para as subsidiárias do BB pelo PT.

O Banco do Brasil recebeu ontem da Previ, o fundo de pensão da instituição, uma cópia da gravação do relato que o mensageiro Luiz Eduardo Ferreira da Silva fez aos dirigentes do Fundo sobre o saque de R$326 mil da conta do Banco Rural a pedido de Henrique Pizzolato, então diretor de Marketing do BB e presidente do Conselho Deliberativo do fundo. A direção do Banco encaminhou esse e outros documentos ao Ministério Público e pediu que a operação seja investigada.

O mensageiro da Previ revelou aos dirigentes do Fundo que sacou os recursos da conta da DNA Propaganda no Banco Rural, no Rio, a pedido de Pizzolato e repassou o dinheiro, em um envelope, ao dirigente do Fundo. A DNA é uma das três agências que atendiam a conta do Banco do Brasil, na gestão de Pizzolato como diretor de Marketing. O BB anunciou semana passada o cancelamento do contrato, que só venceria em setembro.