Título: INDÚSTRIA E TRABALHADORES CRITICAM PF
Autor: Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo, 19/07/2005, Economia, p. 23

Skaf, da Fiesp, nega que manifesto tenha sido motivado por caso Daslu

SÃO PAULO. Na esteira da Operação Narciso, que levou à prisão os sócios da Daslu, cerca de 40 entidades empresariais, financeiras, de trabalhadores e da sociedade civil, reunidas na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), divulgaram ontem um manifesto e anunciaram a criação do "Movimento pela legalidade, contra o arbítrio e a corrupção". Convocada inicialmente para tratar das operações da Polícia Federal contra empresas e escritórios de advocacia, a reunião desembocou num protesto mais amplo, que alcança a crise política e as denúncias de corrupção no governo.

Mas o alvo principal são as ações da PF, classificadas de exageradas, "inclusive com prisões cautelares, que levam cidadãos à execração pública, tudo isso sem observância do devido processo legal", diz o manifesto.

Além da Fiesp, assinam o texto a Associação e a Federação do Comércio de São Paulo, Ordem dos Advogados do Brasil em São Paulo (OAB-SP), Força Sindical, Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), Bovespa e Febraban, entre outras.

Os empresários evitaram dizer se a arbitrariedade seria do Judiciário, do Executivo, da Receita ou da PF. Mas o ex-presidente da OAB José Roberto Batocchio, membro do Conselho Jurídico da Fiesp, afirmou que "quem arquiteta tudo é a PF, e a arbitrariedade emana do governo". Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, disse que as ações da PF "servem para encobrir o que a quadrilha do PT fez na República".

Durante a redação do manifesto, o presidente do Instituto Etco, Émerson Kapaz, teria exigido a desvinculação do ato do caso Daslu.

- Pode haver uma interpretação de que o movimento está ligado a atos pontuais, mas não está não - disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, embora admitisse conhecer a empresária Eliana Tranchesi.

Já o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, reiterou ontem, por telefone, que as ações da PF ocorrem dentro da Lei e em cumprimento a decisões judiciais. (Ronaldo D'Ercole