Título: PARA ANALISTAS, BC NÃO MUDARÁ TAXA SELIC
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 19/07/2005, Economia, p. 21

Relatório mostra que mercado prevê inflação menor no ano, de 5,67%

BRASÍLIA e RIO. Os analistas do mercado voltaram a reduzir sua projeção de inflação para este ano. Mas, mesmo assim, apostam que a taxa básica de juros da economia (Selic) será mantida em 19,75% ao ano amanhã, ao fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que começa hoje. Alguns economistas acreditam que o recuo nas projeções de inflação e que a estabilidade dos preços nas últimas semanas abrem espaço para um corte de juros já este mês. Entretanto, a maioria dos cem bancos e consultorias ouvidos na pesquisa semanal Focus, do BC, estima que o Copom manterá seu conservadorismo e deixará os juros estáveis em julho e também em agosto.

No boletim Focus, a projeção para este ano para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, usado nas metas de inflação do governo) recuou de 5,72% na semana passada para 5,67% agora. Assim, as projeções do mercado estão ficando cada vez mais próximas da meta de 5,1% perseguida pelo BC. O IPCA acumula alta de 3,16% no ano, até junho.

Para o economista Carlos Thadeu de Freitas Filho, que faz as análises de inflação para o Boletim de Conjuntura da UFRJ, o recuo nas projeções do mercado e a forte queda dos índices de preços nas últimas semanas, quando alguns registraram deflação, seriam motivos suficientes para o BC reduzir os juros em 0,25 ponto percentual esta semana. Mas Freitas Filho acredita que o Copom tentará ser coerente com a ata de sua última reunião e não reduzirá os juros.

- No mês que vem, a probabilidade de um corte de juros é maior. Porém, o crescimento econômico está acima do esperado e pode chegar a 1% no segundo trimestre (na comparação com o primeiro trimestre). O BC pode citar isso na ata e atrasar a queda dos juros para depois de agosto - afirma Freitas Filho.

Maurício Oreng, do Unibanco, acredita que o BC só vai reduzir os juros em setembro, pois vai esperar que os próximos índices confirmem a tendência de queda na inflação. (Flávia Barbosa e Luciana Rodrigues)