Título: DEPOIMENTO MARCADO POR NEGATIVAS E CONTRADIÇÕES
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Fonte: O Globo, 20/07/2005, O País, p. 14

Na CPI, Sílvio Pereira nega tudo

BRASÍLIA. Protegido por um hábeas-corpus, o depoimento do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira ontem, na CPI dos Correios, foi marcado por contradições e negativas. Sílvio negou o tempo todo que tenha tido livre trânsito no Palácio do Planalto, com poder para fazer nomeações e negociar cargos. Irritando parlamentares, ele contradisse até o ex-presidente do PT José Genoino, que revelara a existência de uma sala no Planalto onde despachava. Sílvio disse desconhecer a existência do mensalão e, ao contrário do que o empresário Marcos Valério confessara ao Ministério Público, repetiu desconhecer empréstimos bancários feitos para o PT.

Apesar de negar sua influência, Sílvio confirmou que, a pedido de petistas, indicou o servidor Eduardo Medeiros para a Diretoria de Tecnologia dos Correios. Disse ainda que teve de administrar disputas entre petistas e indicados por aliados para cargos. Sempre que perguntado sobre dinheiro e empréstimos, ele respondia:

- Quem tem de responder é o secretário de Finanças (Delúbio Soares, que deixou o cargo após o escândalo).

Às perguntas sobre como podia desconhecer os empréstimos, respondia:

- A gente discute o balancete em valores globais. Não posso dizer aquilo que não vi, aquilo que não sei.

Sobre a relação com a Skymaster, acusada de superfaturar o contrato do correio aéreo noturno, disse que teve um encontro com o empresário Luiz Octávio Gonçalves, mas não ajudou a empresa. O deputado Roberto Jefferson acusa Sílvio de ter ligações com a Skymaster.

Logo que chegou, Sílvio entregou o hábeas-corpus. E recusou-se a dar explicações sobre seu patrimônio. Disse apenas que todos os seus bens estão declarados no Imposto de Renda. Sílvio disse que foi apresentado a Valério por Delúbio em meados de 2003 e que esteve poucas vezes com o empresário.

Ele afirmou que desconhecia os empréstimos. Disse que há muito tempo o partido busca recursos no mercado para saldar suas dívidas de campanha, mas que nunca tomou conhecimento em que bancos e como Delúbio atuava nessas operações.

- A questão da minha força é uma grande lenda - afirmou Sílvio.

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