Título: LÍDER DO PT PEDE LICENÇA DO CARGO
Autor: Ilimar Franco e Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 20/07/2005, O País, p. 8

Motivo é descoberta de saque feito por assessora em conta de Valério

BRASÍLIA. O líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), pediu licença do cargo por causa da descoberta feita pela CPI dos Correios de que sua assessora Anita Leocádia da Costa fez saques de R$320 mil na agência do Banco Rural em Brasília. Um vice-líder do PT informou que o dinheiro foi usado para financiar campanhas de petistas nas eleições de 2004 e que Paulo Rocha se envolveu no episódio porque era presidente regional do PT paraense.

Rocha comentou com petistas que não quer envolver a bancada do PT na Câmara em atos praticados em função de suas atribuições como presidente do partido no Pará. Seu afastamento é defendido pelos parlamentares das tendências de esquerda e pelos moderados, que consideram sua situação insustentável, apesar de dizerem que ele nada fez de errado. Os integrantes do Campo Majoritário discutem nomes para o posto.

O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) informou pela assessoria que não vai comentar as informações sobre saque de R$50 mil feito por sua mulher, Márcia Regina Milanesi Cunha, no Banco Rural em Brasília. O deputado Josias Gomes da Silva, presidente do PT da Bahia, e o ex-diretor comercial dos Correios, Paulo Menecucci, não retornaram as ligações.

Presidente do PL não vai se manifestar

O presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), informou que seu partido não se manifestará antes de conhecer os documentos que chegaram à CPI. O ex-tesoureiro Jacinto Lamas foi afastado do cargo em fevereiro de 2005 e o PL, em sua página na internet, informa que contratou a SMP&B por R$47 mil para desenvolver uma marca para o partido.

O líder do PP, José Janene (PR), não retornou as ligações para explicar os saques feitos por seu assessor João Cláudio Genu.O ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, que fez saques no Rural no valor de R$200 mil, também não retornou as ligações. O presidente do PT do Distrito Federal, Vilmar Lacerda, disse que sacou R$50 mil da agência do Banco Rural, por orientação de Delúbio Soares, e usou o dinheiro para pagar dívidas do Diretório Regional. O deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) não foi localizado.

O deputado Paulo Delgado (PT-MG) disse que demitiu de seu gabinete Raimundo Ferreira da Silva Júnior, acusado de sacar das contas de Marcos Valério no Banco Rural.

- Raimundo trabalha no escritório do PT. Ele está exonerado - disse Delgado, na reunião da Executiva do PT.

Segundo o deputado, Raimundo lhe explicou que foi ao Banco Rural receber uma ordem de pagamento para o escritório nacional do PT e para o PT do Distrito Federal.

- De minha parte, eu nunca recebi dinheiro limpo do PT e não iria receber dinheiro sujo - afirmou o deputado.

Outro nome citado por Valério, Solange Pereira de Oliveira, não quis dar declarações.

O presidente do PT, Tarso Genro, afirmou que os nomes apresentados nas investigações terão que ser explicados por Delúbio à Comissão de Ética do PT, que avaliará cada um dos casos. Depois de participar da gravação na TV Globo do programa do Jô, ontem à noite, Tarso o comentou a lista de pessoas ligadas ao PT autorizadas por Valério a fazer saques de dinheiro.

- Nós temos que verificar cada uma dessas pessoas, se elas são filiadas ao partido, e qual a relação que elas têm com eventual retirada ilegal de dinheiro. E aí, a partir disso, responsabilizar qualquer militante, de que hierarquia for, que esteja implicado em procedimento irregular.

COLABOROU Adauri Antunes Barbosa