Título: EMPREGO FORMAL PERDE A FORÇA
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 20/07/2005, Economia, p. 23

Saldo em junho foi o menor em 3 meses e Marinho culpa juros

BRASÍLIA. O mercado formal de trabalho continua refletindo a desaceleração da economia observada no primeiro trimestre e, apesar de em junho ter apresentado um saldo positivo de 195.536 vagas formais, esse foi o menor resultado dos últimos três meses. O número de empregos criados no mês passado com carteira assinada também ficou abaixo das 207.895 contratações registradas no mesmo período de 2004. Com isso, o governo encerrou o primeiro semestre de 2005 anunciando 966.303 novos postos de trabalho, uma queda de 3,92% sobre o resultado entre janeiro e junho do ano anterior, quando o saldo superou um milhão.

De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, a indústria - que reflete diretamente o aquecimento da economia - apresentou, no mês passado, saldo positivo de 16.993 trabalhadores com carteira assinada. Para o novo ministro do Trabalho, Luiz Marinho, as altas seguidas na taxa de juros a partir do terceiro trimestre de 2004 e a valorização do real frente ao dólar tiveram impactos negativos no nível de emprego. Ele disse acreditar, porém, na mudança dessa tendência a partir do segundo semestre.

- Estamos entrando num processo de estabilidade dos juros e eu acredito que, em algum momento, a taxa vai começar a cair e o câmbio vai se ajustar - disse Marinho, destacando que, apesar da crise política, a economia vai bem.

Agropecuária foi o setor mais dinâmico em contratações

Mesmo com os prejuízos causados pela seca nas plantações de cereais e grãos no Rio Grande do Sul, o setor que mais contribuiu para o resultado do mercado formal de trabalho em junho foi a agropecuária, com a contratação líquida de 80.350 trabalhadores, tendo como principais destaques o cultivo de cana-de-açúcar e café. Em seguida, estão serviços, com 46.669 postos, comércio, com 32.123 e a construção civil, com 17.586 novas ocupações.

O Caged mostrou ainda que o Sudeste foi a região que mais contratou no mês passado, com a abertura de 142.403 postos, com destaque para os estados de São Paulo, que empregou 67.157 trabalhadores, e Minas Gerais, outros 60.446 trabalhadores. O Rio aparece em terceiro, com 12.840 novas vagas.

inclui quadro: sinais de desaceleração