Título: UMA BARAFUNDA SALARIAL
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Fonte: O Globo, 20/07/2005, O País, p. 13

Genoino ganhava menos do que secretário e tesoureiro

SÃO PAULO. Delúbio Soares e Sílvio Pereira ganham mais do que recebia o ex-presidente do PT José Genoino. Os salários do ex-tesoureiro e do ex-secretário-geral são de R$12 mil, enquanto Genoino ganhava R$7 mil. E Genoino só soube disso há alguns dias. Genoino foi informado esta semana pelo novo secretário-geral, Ricardo Berzoini.

O novo presidente do PT, Tarso Genro, também ficou estarrecido com o fato de Genoino ganhar menos do que seus subordinados. Ele explicou que o PT fixará teto de R$7 mil para todas as remunerações de dirigentes a partir de agora.

- Eu não sabia, muitos não sabiam - disse Tarso ontem.

O novo tesoureiro do PT, deputado José Pimentel (PT-CE), ficou constrangido com o esquema de remuneração.

- O partido tinha uma planilha de remuneração de dirigentes que nós estamos uniformizando. Há discrepâncias. Estamos corrigindo daqui para frente, que é o meu papel - disse o deputado.

De acordo com Pimentel, a executiva será desvinculada da folha de pagamentos.

- Teremos uma verba de representação que este tesoureiro não receberá. É uma decisão para todos os dirigentes - disse Pimentel, explicando que a regra servirá para todos, inclusive os afastados, que ainda são remunerados pelo PT.

Ontem, em seu depoimento na CPI dos Correios, Sílvio negou que ganhasse R$12 mil. Ele disse que seu salário é R$9 mil. Segundo o PT, todos os salários dos membros da executiva ficam em torno de R$7 mil, inclusive o de Monica Valente, mulher de Delúbio, da secretaria de Assuntos Institucionais.

Outra exceção que indignou os petistas foi o ex-secretário de comunicação Marcelo Sereno, que, além de receber do PT, é conselheiro de duas instituições ligadas ao governo: Petros e Vale do Rio Doce. Seus vencimentos mensais podem chegar a R$27 mil.

O chefe da assessoria especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que participou da reunião, estranhou a disparidade dos salários e disse que uma alternativa seria a complementação de gastos ou diárias para os dirigentes.

- Vamos ter de aplicar uma política neoliberal no PT - disse Garcia.